

Miguel Poiares Maduro
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O futuro da União Europeia depende do futuro da Ucrânia na União Europeia
O Conselho Europeu que começa hoje será marcado pelas perspetivas de adesão à União Europeia da Ucrânia. É quase certo que os atuais Estados-membros vão aprovar a proposta da Comissão Europeia de atribuir à Ucrânia o estatuto oficial de candidato à adesão. Para além da Ucrânia este Conselho Europeu tem outros dois temas de enorme importância: a situação económica e a Conferência sobre o Futuro da Europa. Há, no entanto, muito que une estes temas. Na verdade, muito do futuro da União Europeia depende do futuro da Ucrânia na União.

Incertezas da Guerra
Sabia que os Estados da União Europeia estão, neste momento, a transferir mais dinheiro para Rússia, para importar o seu gás, do que antes de esta invadir a Ucrânia? Este paradoxo, que desafia o nosso compromisso moral, deve-se a quão dependente a União Europeia está do gás russo. Se a Rússia depende fortemente das suas exportações energéticas para sustentar o seu orçamento e forças armadas, Putin também sabe que 40% do gás europeu vem da Rússia. Nalguns países, como a Alemanha ou Itália esta dependência supera os 50%. É isso que explica que continuemos a financiar a Rússia enquanto a acusamos de crimes contra a humanidade.

As palavras podem vencer as armas
Este comentário pode envelhecer mal. É o que acontece quando tentamos prever o que vai acontecer num contexto muito instável e com informação altamente imperfeita. Falo da invasão da Ucrânia pela Rússia. Neste momento, as coisas parecem a estar a correr de forma bem diferente do que o Putin esperava. De forma pior para ele e melhor para a Ucrânia e o resto do mundo, ainda que através de uma enorme tragédia.

Interpretando Putin
A maior dificuldade para conseguir um acordo com Putin é percebê-lo. Depois de tantos anos, sabemos bastante sobre como funciona Putin e as táticas que usa, mas ainda existem fortes divergências sobre o que realmente o move e os objetivos que prossegue.

Tanto voto por nada
A anulação de 80% dos votos dos emigrantes na Europa é unanimemente considerada uma vergonha.

Para que servem os ministros e os Ministérios
António Costa elevou bastante as expectativas quanto ao seu novo governo. O primeiro-ministro confirmou aquilo que tinha dito durante a campanha: que iremos ter um governo mais pequeno, mas também mais compacto e que funcione como uma task-force para a recuperação económica. Foram essas as suas palavras. A especulação tem-se concentrado, como habitualmente, nos nomes ministeriáveis. Eu quero antes falar de algo que quase nunca se discute: o modelo e orgânica do governo.

Da incerteza à certeza absoluta
Vou começar por uma confissão. Ao final da tarde de ontem tinha um título provisório para este artigo: Incerteza pós-eleitoral. Estava totalmente enganado. Estávamos todos possivelmente. Dos inúmeros cenários pós-eleitorais que li no dia de ontem nenhum antecipava uma maioria absoluta do Partido Socialista.

A surpresa previsível
Talvez alguns (não sei se muitos...) que me ouçam com regularidade se recordem de quando disse estranhar as intenções de voto nas sondagens ao longo do último ano pois não eram consistentes com a avaliação do governo revelada, por exemplo, pelo Eurobarometro. Neste, o país europeu onde mais tinha caído a confiança no governo era Portugal (14 pontos quando a média europeia foi 4). Ao contrário de muitos não estranhei, por isso, os resultados autárquicos e, ainda menos, a evolução das sondagens (ou tendências) dos últimos dias.
