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A TSF visitou a exposição de Clara Azevedo. Ouça a reportagem de Beatriz Morais Martins com sonoplastia de André Tenente.
Dizer que Clara Azevedo fotografa há três décadas pode ser uma falácia, talvez seja mais correto dizer que Clara Azevedo eterniza pormenores que poucos atentam. É, portanto, uma colecionadora de memórias.
Durante esta visita guiada pela exposição Entre laços, Clara Azevedo aponta para uma imagem de gavetas. Sorri ao identificar que estas gavetas moram na Rua da Conceição, mais conhecida como a Rua dos Retroseiros.
O eco característico do edifício transporta o barulho de uma máquina de costurar que se encontra numa das salas da exposição, é este o som que entrelaça as várias imagens de botões, agulhas, tecidos e rendas.
"Sempre quis fazer alguma coisa sobre retrosarias. Neste caso, guardo uma memória que eu tenho desde pequena. Estava habituada a vir às retrosarias com a minha mãe e sempre foi um mundo que me apaixonou, muito mais do que as lojas de brinquedos. Eu gostava imenso de ir para as retrosarias, achava tudo aquilo fabuloso", conta Clara.
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Com um sorriso rasgado, admite o quão fácil foi perder-se no novelo das histórias que imaginou dentro de uma retrosaria. Confessa que gosta de ir para lá ver o tempo passar, mas lamenta que tenham sido poucas as retrosarias a resistir à passagem do tempo.
"Gostava que, pelo menos as que existem, não desapareçam porque são mundos fantásticos. Eles têm uma verdadeira paixão pelo que fazem e pelo que têm. São mundos, de facto, incríveis. Têm coisas muito bonitas onde uma pessoa se perde."
Entre imagens de panos, tecidos, botões, Clara Azevedo revela que uma das fotografias lhe é muito especial. Interrompe a conversa quando vê uma jovem a fotografar esta imagem de lado. "Ah, também quero experimentar essa forma de fotografar", diz.
É um vestido, a imagem de que falamos. Colocou-a na sala do fundo e é o vestido que usou na altura em que deu o nó.
"O meu vestido de casamento era todo feito de entretelas e materiais das retrosarias. Portanto, achei que fazia todo o sentido que o vestido entrasse na exposição."
Apaixonada por retrosarias e pelas inúmeras cores e texturas que as compõem, esta fotógrafa imprimiu as suas fotografias não só em papel mas também em licra. As molduras não têm vidro, "é para ver e tocar".
A exposição decorre até dia 16 de dezembro nas Galerias da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior.