O jornalista Miguel Midões antecipa o que conta este bailado.
Com a génese no drama dos refugiados sírios e inspirado nas ruínas em que se transformou a cidade de Alepo, "Antes que matem os elefantes", da Companhia de Dança Olga Roriz, explora o vazio de sentimentos, o vazio de futuro, mas tenta transmitir também uma mensagem de esperança.
Em cena encontra-se um sofá... um frigorífico vazio... baldes de água... pedras ou destroços que preenchem o palco.
Olga Roriz, a coreógrafa, garante que a ideia surgiu mesmo antes que o tema refugiados tivesse explodido. "Comecei a pesquisar, fui à Grécia, ao campo de Elionas, fui ao Piguei vê-los a virem de Lesbos e o impacto é grande. Vemos muita coisa na televisão, mas depois de estar lá e apalpar e ver aquela gente..:", confessa-se emocionada.
Já os ensaios decorriam, quando se chegou à certeza do que trabalhar na nova peça. "Vamos fazer um espetáculo sobre a guerra e vamos colocá-lo num apartamento de Alepo, uma cidade com a qual estive mais em contacto pelos documentários", afirma.
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E é com documentários que tudo começa. Confissões de crianças numa tela preta, crianças que apenas querem ir à escola ou pão para comer. "Antes que matem os elefantes" mostra a destruição externa, mas também do ser humano, tentando ainda assim transmitir uma mensagem de esperança.
Uma peça onde os bailarinos tiveram liberdade para criar consoante as suas afinidades.
O cenário que pode ser o interior de um apartamento pode também ser uma qualquer rua de Alepo, na Síria. São as pedras que levam a mente para o cenário da destruição que permitem esta dualidade.
"Antes que matem os elefantes" estará em digressão pelo país até 2017. Estreará em Lisboa nos dias 15 e 16 de julho.