Sábado sobe ao palco do Cine Teatro Louletano o grupo de teatro do Sótão, constituído por pessoas com doenças mentais. Os atores querem mostrar que fazem tanto e tão bem como as outras pessoas.
Corpo do artigo
É um espetáculo feito de sons, movimento e textos. Os atores e atrizes são especiais. "Esta peça tenta transmitir o que nós, com doença mental, conseguimos fazer todos em unidade ", diz Sandra, uma das utentes da ASMAL, a Associação de Saúde Mental do Algarve.
Ela faz parte do grupo de teatro do Sótão. Desta vez a peça chama-se "Os Signos de Fora". Numa das cenas, um dos intervenientes, Telmo, lê um poema de Fernando Pessoa, evocativo de D. Sebastião.
Mas logo entra outro ator que pergunta "estás fora de cena ou dentro?" Telmo explica que todos nós também nos podemos sentir fora ou dentro de cena, ou seja, da vida.
O Simão, outro ator de 32 anos, explica que nesta peça o objetivo é também fazer rir o público. Susana é a protagonista e num excerto da peça fala de organização e do que é socialmente correto.
" A personagem quer explicar que vivemos numa sociedade perfeitamente anormal, todos muito direitinhos e organizadinhos. Mas afinal o que é normal?", questiona esta mulher de 43 anos,
A professora, Nídia Gonçalves, salienta que quando começam a ensaiar vão adaptando a peça aos atores porque, com estes doentes com problemas de saúde mental tem que ser assim.
Quando sobem ao palco, estas pessoas tão especiais têm sempre um nervoso miudinho, mas também orgulho pelo trabalho feito. "E depois ainda é melhor quando a gente sente aquelas palmas todas até ao fim e o público a levantar-se", remata Sandra, mostrando um sorriso aberto.