Do mundo para o interior do país, o palco é a vila: "[Idanha-a-Nova] tem um potencial de irreverência e de inovação que as grandes cidades acabam por perder, por causa do mainstream, do grande, do forte e do muito." Quem o diz é Filipe Faria, responsável pelo evento, membro do grupo Sete Lágrimas e diretor da Arte das Musas, produtora que organiza o Fora do Lugar - Festival Internacional de Músicas Antigas.
O que o público pode esperar, refere Filipe Faria, é "encontrar o melhor que se faz no mundo [da música antiga], em espaços inesperados, lá está, fora do lugar". E dá um exemplo: "Vamos ter um concerto numa fábrica agrícola viva - as hortas de Idanha - e, no meio de dióspiros e de couves, nós montamos um cenário dentro de um cenário e fazemos lá música barroca do século XVIII, de uma viagem a Itália."
Para comemorar a distinção atribuída a Idanha-a-Nova pela UNESCO, em 2015, como Cidade Criativa da Música, Filipe Faria destaca que é a forte programação que assinala o segundo aniversário. "A Idanha era uma autêntica 'formiga entre elefantes', com nomes como Liverpool a candidatar-se", recorda o responsável.
O Fora do Lugar começa esta sexta-feira e é o grupo português Danças Ocultas que abre portas a três fins de semana com música e diversas atividades.
Aprender adufe e o "jantar pobre"
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Neste sábado, Jorge Paiva, biólogo e professor na Universidade de Coimbra, vai falar sobre as florestas e a importância da sua preservação. Neste contexto, a organização vai realizar saídas de campo "com crianças e o público em geral, para a plantação de árvores nativas", adianta Filipe Faria. No mesmo dia, o palco é do grupo Musick's Recreation, um projeto de uma alemã, um colombiano e um australiano. Olham "as obras do século XVII ou XVIII com os olhos do século XXI".
Durante o certame vão decorrer atividades paralelas como workshops de adufe. Já o "jantar pobre", com "ementa secreta, quer mostrar que a comida que é considerada 'pobre' é a base da nossa gastronomia", adianta o responsável, acrescentando: "Poucos recursos dão pratos incríveis."
"Acabei por descobrir em Idanha o lugar mais bonito do mundo", afirma Filipe Faria
Os "concertos mesmo ao pé" são espaços onde os músicos tocam e falam sobre a sua experiência profissional. É uma hora "onde tudo pode acontecer". Outras atividades como "O músico vai à escola" e "Tertúlias com sopa" têm como ideia a proximidade e o convívio entre os músicos e o público.
No feriado de 1 de dezembro, o festival apresenta Scaramuccia, o projeto de uma portuguesa e dois espanhóis, e Erin/Iran, um grupo de músicos da Irlanda, Irão, Catalunha e Hungria: apresenta "um encontro entre o deserto e o oceano, o deserto do Irão e o oceano da Irlanda, com música improvisada e respondendo à acústica da sala, em Monsanto".
Nos últimos dias de festival, é a vez do concerto de Filipe Raposo e Charlie Chaplin dos tempos modernos. O Festival Internacional de Músicas Antigas encerra com o mestre italiano Pino de Vittorio, o tenor que Filipe Faria ansiava trazer a Portugal: "É uma honra recebê-lo."
O Festival Internacional de Músicas Antigas é uma parceria entre a produtora Arte das Musas e a Câmara Municipal de Idanha-a-Nova, com o apoio do Ministério da Cultura e da Direção-Geral das Artes.