A jornalista Leonor Ferreira ouviu o presidente do Centro de Estudos Bocageanos.
Bocage nasceu a 15 de setembro de 1765. Feitas as contas são 250 anos, uma data "redonda" que é, hoje, assinalada com a cerimónia do hastear da bandeira no edifício da Câmara Municipal de Setúbal. É apenas o " pontapé de saída" de umas comemorações que se vão prolongar por todo o ano.
O objetivo destas iniciativas é dar a conhecer Bocage. O presidente do Centro de Estudos Bocageanos, Daniel Pires, diz que este vulto da literatura foi, ao longo do tempo, relegado para segundo plano porque a sua obra centra-se no seu tempo (século XVIII) e a sua escrita é muito específica, nem sempre fácil de ler.
Trazer Bocage para o século XXI é por isso imperativo. Daniel Pires diz que reduzir a sua obra a um anedotário "é redutor. Um anedotário e uma pornografia que não têm muito a ver com ele. O que tem a ver com ele são os seus poemas eróticos numa época em que o corpo não podia ser elogiado".
O presidente de Centro de Estudos Bocageanos refere-se a Bocage como um "poeta e pessoa da transgressão". Daniel Pires explica que Bocage "transgrediu quer literariamente quer no seu quotidiano, frequentando a boémia, optando pelos valores da revolução francesa, criticando o chamado 'antigo regime' da época e daí ter estado encarcerado várias vezes".
Bocage, diz Daniel Pires, deveria ser conhecido "não só como poeta, mas pelo seu lirismo, pela sua sátira, pela sua poesia de intervenção social, pelo seu trabalho como tradutor e dramaturgo e ainda pelo facto de ter sido um paradigma cívico que lutou pela liberdade".
Subscrever newsletter
Subscreva a nossa newsletter e tenha as notícias no seu e-mail todos os dias
No âmbito das comemorações dos 250 anos de Bocage, está previsto, para esta terça-feira, o lançamento de uma biografia ilustrada do poeta , com o título "Bocage: a Imagem e o Verbo", preparada pelo mesmo especialista e editada pela Imprensa Nacional Casa da Moeda.
Manuel Maria de Barbosa l'Hedois du Bocage nasceu, em Setúbal, a 15 de setembro de 1765 2 faleceu, em Lisboa, a 21 de dezembro de 1805.