A pós-graduação em Livro Infantil da Universidade Católica de Lisboa surgiu há dez anos "para responder a uma lacuna que o mercado tinha e que as pessoas tinham que era estudar o livro infantil em todo o seu âmbito", explicou à TSF Dora Batalim, coordenadora do curso.
A especialista em literatura infantil refere que Portugal vive um bom momento na oferta de livros para crianças criados em Portugal. Dora Batalim explica que "o mercado está muito rico. É uma felicidade muito grande ser português na área do livro infantil neste momento".
A jornalista Sara de Melo Rocha conversou com Dora Batalim, coordenadora da pós-graduação em Livro Infantil da Universidade Católica de Lisboa.
Dora Batalim refere que o país sempre teve escritores para um público infantil mas "faltavam os ilustradores e os designers e esse salto aconteceu há cerca de 12 anos", acrescentando que "temos uma profusão imensa de ilustradores que são premiados internacionalmente, muitos designers e muitas editoras que sabem escolher".
A especialista em literatura infantil defende que um bom livro para crianças não deve infantilizar o mundo mas sim respeitar "a criança como um ser integral, com um ser inteiro".
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Dora Batalim explica que "os livros ajudam a explicar coisas que, às vezes, não temos palavras para elas" e, contornar o medo foi uma das primeiras funções das histórias tradicionais.
Apesar do crescimento da literatura infantil mais contemporânea, a especialista sublinha a importância das histórias tradicionais como "parte do património coletivo da humanidade".
Os contos tradicionais "preenchem funções psicológicas muitíssimo grandes nas crianças. Psicólogos e psiquiatras validaram a importância psicológica e afetiva deste número três, destes lobos, desta bruxas que aparecem nos caminhos, destas resoluções que no final em que fica tudo bem. Lidos à luz de uma noção muito moderna podem parecer ridículos mas são mundo separados, são coisas separadas", explicou.
"As nossas crianças continuam a precisar muito destas narrativas que são quase como seixos nos rios e que estão tão polidas que funcionam sempre", defendeu Dora Batalim, acrescentando que contar histórias tradicionais está "a cair no desuso das vozes dos pais e das mães, que também já não as sabem".