O jogo está a ser desenvolvido pelo diretor criativo da Transvulcania, uma ultramaratona que se realiza na ilha de Palma, nas Canárias, e que é uma das provas mais conhecidas a nível mundial.
Neste ano, os melhores corredores do mundo de trail vão participar na décima edição da Transvulcania e já vão poder também experimentar o jogo que está a ser desenvolvido pelo diretor criativo da prova.
A jornalista Barbara Baldaia conversou com Nano Barbero, diretor criativo da Transvulcania
Nano Barbero adiantou à TSF que quer que o jogo seja o mais próximo possível da realidade e, acima de tudo, que transmita sensações: "A sensação de que vai ter que estar atento à velocidade a que corre, o que tem que consumir entre abastecimento e abastecimento, como está o terreno nesse dia, como está o clima, se faz sol, se está a correr sobre lava vulcânica ou em montanha... São muitas coisas que darão a sensação ao jogador de ser um corredor".
Um corredor a sério tem que ter em conta várias variáveis quando parte para uma prova. O que vestir, em função do clima, o que calçar, o que comer, como gerir o esforço, como contornar o cansaço, como aproveitar a energia".
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No jogo, terá que administrar os consumíveis. Haverá um limite, não podes levar 60 barras energéticas. Haverá um limite de sólidos e líquidos. Como utilizas os consumíveis, como vais equipado, como está o clima nesse dia. Isso pode fazer ganhar ou ficar em último. Inclusivamente podes lesionar-te. Queremos uma experiência de jogo o mais próxima da realidade possível. Se te lesionas dão-te conselhos sobre como deves tratar a lesão, porque é que ela aconteceu... Esse papel do médico também é importante para que o jogo não seja apenas um jogo, mas também que tenha alguma informação", sublinha Nano Barbero.
A ideia é que quem corre possa desfrutar e quem não corre possa aprender como no trail se pode morrer e renascer várias vezes ao longo do percurso.
No final, claro, aparece a tão ansiada meta: "Vai haver um speaker, vamos tentar que seja parecido com a Transvulcania. O corredor vai chegar ao hotel, vai ter que ir levantar o dorsal. Vai ter todas essas componentes".
E nesta peça, já se percebeu, estamos a correr ao contrário, porque só agora estamos a levantar o dorsal e, se calhar, ainda nem sequer treinámos. "Quando fazes a prova, vais ter que mostrar primeiro que consegues fazer a meia maratona e a maratona para depois passares à ultra maratona. Antes disso, terás treinos em pequenos percursos para que vás evoluindo como corredor".
Isto porque participar na Trasnvulcania não é brincadeira. A prova, que é uma das mais famosas do mundo, tem 74 km e 8400 metros de desnível.
Killian Jornet, Emelie Forsberg, Anna Frost e Luis Alberto Hernando são nomes muitos conhecidos no mundo do trail. Todos eles já foram à ilha de La Palma ganhar esta prova.
Eventualmente, alguns deles podem vir a ser convidados para testar este jogo.
"O primeiro teste será feito por corredores conhecidos, alguma marca, e nós próprios. Depois, tentaremos ir buscar pessoas através de um concurso para quem queira testar. E só depois sairá uma versão para todo o mundo".
Nano Barbero, que está a desenvolver o jogo e é também diretor criativo da Transvulcania, quer mostrar a novidade em maio, naquela que será a décima edição da prova. Como não podia deixar de ser, já há marcas interessadas na novidade: "Já há marcas desportivas interesadas no jogo, claro, porque há consumíveis no jogo, há equipamentos. Num determinado terrenos, tens que escolher se levas bastões ou não, tens que escolher um corta-vento".
Terrenos fértil para o marketing das marcas que giram em torno da modalidade. Até porque o objetivo de Nano Barbero é conseguir atingir, para além dos trail runners, um público fora deste mundo da corrida em montanha.
"A ideia é levar o jogo para o Steam para que ele possa ser comprado nessa plataforma. Assim chegará a um público mais jovem e mais "gamer", que quer jogar, jogar, jogar. Os miúdos ficam curiosos. Quando aparece uma coisa que não conhecem, ficam entusiasmados. Também temos esse objetivo de difusão cultural, porque o desporto é um hábito social e a quanto mais gente chegar melhor. E depois vão perceber que os corredores de trail não são apenas pessoas que correm e já está", sugere o diretor criativo da Transvulcania.
Correr em montanha exige um bocado mais do que simplesmente por um pé à frente do outro. E é isso também que Nano Barbero quer mostrar, mais do que passar propriamente a sensação de que se está a correr na Transvulcania. E há sobretudo uma razão para isso, "o encanto de correr lá".
A prova sai do Faro de Fuencaliente, à cota zero, e depois começa a subir até atingir mais de 2.400 metros de altura. Depois, volta à cota zero para subir novamente e acabar numa meta colorida e cheia de gente.
Os organizadores avisam que a prova requer uma grande condição física. E isso, claro, não se consegue a jogar no telemóvel.