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O Marítimo entrou organizado num 1-5-4-1, diferente do sistema que costuma utilizar habitualmente. Parece estranho dizer-se isto depois do desfecho do jogo, mas a estratégia que resultou na mudança de sistema por parte de José Gomes não funcionou. A pressão era organizada com os dois extremos (Edgar Costa e Correa) a pressionarem Jardel e Ferro de fora para dentro, e Rodrigo Pinho a tentar condicionar a entrada da bola no espaço central, e a pressionar Vlachodymos. Vukovic e Pelágio com ordens para acompanharem individualmente Samaris e Weigl. Os problemas do Marítimo começaram aqui: quando a bola chegava ao Nuno Tavares ou ao André Almeida, e estes recebiam atrás da primeira linha de pressão, tinha de ser Nanu (Lateral direito) e Fábio China (lateral esquerdo) a pressionar. Como os três defesas centrais ficavam fixos por Vinícius e Chiquinho, existia um espaço enorme atrás dos médios do Marítimo, bem como entre os elementos da linha defensiva insular. Mesmo Zanaidine, o central mais ao centro,

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Foram essas dificuldades ao nível de posicionamento que permitiram ao Chiquinho e ao Vinícius terem duas situações de finalização clara às quais não conseguiram dar resposta. Amir conseguiu ainda, no seguimento do falhanço do Vinícius, fazer uma grande intervenção num remate de Pizzi. Depois destes 25 minutos onde o Benfica esteve forte, conseguiu criar estas situações claras de golo, e o não teve nenhum calafrio perto da sua baliza, o ímpeto inicial foi-se desfazendo muito por força de um ajuste posicional da equipa de José Gomes, que deixou de pressionar tão alto, e por isso, conseguiu controlar melhor as incursões dos médios ala, dos laterais, e do Chiquinho, quando este pedia a bola no espaço.
Até bem perto do final, não mais o Benfica foi capaz de criar situações de finalização em catadupa, e o Marítimo, que esteve sempre muito desarrumado, conseguiu aguentar as tentativas encarnadas de entrar na área de Amir. É nesta fase do jogo, onde os jogadores do Marítimo sentem cada vez mais conforto, e os do Benfica estão cada vez mais ansiosos que Nanu aparece.

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Colectivamente, percebe-se que o Benfica estava desequilibrado quando sofre o primeiro golo. A jogada é do lado esquerdo, mas André Almeida está completamente projectado quando deveria estar a equilibrar, mais baixo, e mais perto do corredor central. Os centrais estão os dois muito longe da bola, e Weigl também demasiado baixo para conseguir travar logo um possível contra-ataque. Individualmente, há Nuno Tavares que erra (mais) um passe que permite ao Marítimo sem roubar, com uma intercepção, sair com a bola controlada, Zivkovic que pode travar o lance em falta e não o faz, Ferro que fixa com 30 metros à frente da linha da área (dando espaço para o portador da bola correr), e finalmente André Almeida que desiste da corrida (mais uma vez), deixando os seus colegas completamente desamparados na defesa do lance. No segundo golo há outro erro de Ferro, mas tanto erro individual, em tanto jogo consecutivo, demonstram que os jogadores há muito que se sentiam à beira do precipício, e que semana após semana estavam a ser empurrados para que dessem um passo em frente. Pese embora o mérito de Nanu, foi o Benfica que deu o passo em frente. Luís Filipe Viera esteve na sala da imprensa e assumiu a culpa do mau momento encarnado. Informou também que Bruno Lage entregou o lugar, e disse não ter condições para continuar.
Os jogadores do Benfica estiveram muitos meses sem que a evolução dos comportamentos individuais e colectivos fossem notórios, e se a situação se tornou insustentável foi pela inoperância que se permitiu quando a equipa ganhava consecutivamente sem que as dificuldades que sentia de jogo para jogo fossem desaparecendo.