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Mais uma formalidade do que uma festa. Foi essa a sensação de quem assistiu ao final da receção à Fiorentina (vitória por 2-1, sem golos de Ronaldo), que garantiu à Juventus a conquista do Scudetto .
Talvez o facto de ser o oitavo título consecutivo ajude a explicar o entusiasmo controlado dos jogadores e dos adeptos da equipa de Turim, mas bem mais provável é que ainda ninguém tenha conseguido superar a eliminação da Liga dos Campeões há apenas 4 dias, naquele mesmo estádio, perante o Ajax (depois de um empate em Amesterdão)
Afinal de contas, a prova milionária já passou de objetivo prioritário a quase obsessão para a Juventus (não vence a competição desde 1996) e essa foi a principal razão para a contratação de Cristiano Ronaldo ao Real Madrid no último defeso. De resto, a Juventus é a campeã das finais perdidas na Taça/Liga dos Campeões, sete (1973, 1983, 1997, 1998, 2003, 2015 e 2017), contra somente duas ganhas (1984 e 1996).
Uma proeza única e várias adiadas
Para CR7 este triunfo no campeonato italiano é obviamente importante, até porque valoriza muito o seu já estratosférico curriculum: a Serie A é uma das três ligas maiores do futebol europeu e até hoje nenhum futebolista conseguira conquistar essas três provas nacionais .
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Mas a verdade é que os outros grandes objetivos de Ronaldo ficaram pelo caminho, com destaque para a desejada sexta Liga dos Campeões - igualando o único jogador a consegui-lo, o espanhol Paco Gente, do Real Madrid (1966) - , e que lhe garantiria também, com certeza, a sexta Bola de Ouro, ultrapassando Messi e tornando-se recordista neste particular.
Ainda para mais, CR7 sabe que fez o seu trabalho, marcando todos os cinco golos que a Juventus apontou nos quartos e nas meias-finais da Champions: os três golos que permitiram a reviravolta frente ao Atlético de Madrid nos quartos e os dois frente ao Ajax, um em cada jogo, nas meias-finais.´
Igualmente muito distante está o objetivo de Ronaldo bater o recorde de golos apontados na liga italiana numa temporada, pertencente a Gonzalo Higuain (36 golos marcados pelo Nápoles, em 2015/16). No entanto, esta meta seria sempre muito difícil de alcançar dada a gestão de esforço que Ronaldo tem posto em prática, também na Juventus, nos últimos anos. O madeirense participou em 27 dos 33 encontros do campeonato italiano, tendo apontado 19 golos.
Esse pode ser aliás um desafio para Ronaldo até final da Série A: ser o principal goleador da prova e conseguir tornar-se o primeiro a ser melhor marcador das três grandes ligas atrás referidas. Para isso terá que ultrapassar Fabio Quagliarella (Sampdoria, 22 golos), Krzysztof Piatek (Milan e Génova, 21) e Duván Zapata (Atalanta, 20). Tem cinco jogos para o fazer...
Apesar disso, mesmo que o consiga dificilmente poderá dar luta a Messi na corrida à Bota de Ouro (prémio para o jogador com mais golos apontados nas ligas europeias), uma vez que o argentino leva já 33 golos marcados na liga espanhola (em 29 jogos), seguido por Mbappé (27 golos em 26 jogos da liga francesa).
Deve aliás dizer-se que a primeira temporada de Ronaldo na Juve será a sua pior enquanto goleador desde 2009-10 (33 tentos marcados no Real Madrid), e ao mesmo tempo a primeira desde então em que provavelmente baixará da casa dos 40 golos no conjunto de todas as competições de clubes (tem neste momento 26). O mesmo aconteceu na Liga dos Campeões 2018/19, na qual apontou apenas seis golos: desde 2010/11 que não baixava dos dois dígitos.
A juntar à tal gestão de esforço de que já falamos - que implica realizar menos jogos -, há que lembrar a dificuldade conhecida de marcar golos nas competições italianas: não é por acaso que nos últimos 50 anos apenas por duas vezes o "artilheiro" da liga transalpina passou os 30 golos.
Fica a consolação para o português desta ter sido, até ao momento, a sua melhor temporada em termos de assistências, demonstrando estar a evoluir constantemente como jogador de equipa. Realizou já 11 assistências na Série A, que lhe permitem assumir-se como o jogador mais influente da prova (a par de Fabio Quagliarella), com participação decisiva em 30 golos da Juventus na prova (44% do total da equipa).
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