O atleta, que aos 45 anos conquistou a medalha de bronze nos Paralímpicos do Brasil, confessa que ainda vai tentar repetir o pódio nos Paralímpicos de Tóquio.
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O maratonista de Guimarães, regressado segunda-feira do Brasil, começou a correr há 15 anos para manter a boa forma física, mas só há pouco mais de três anos decidiu preparar-se para o apuramento para os Jogos Paralímpicos do Brasil, que terminou num surpreendente terceiro lugar.
A ideia de ir aos Jogos já lhe tinha passado pela cabeça mais cedo, mas "o meu patrão disse-me na altura que não era compatível com a minha situação laboral. Mas eu não gosto de olhar para trás porque as oportunidades surgem e podemos abraçá-las ou não com coragem e determinação".
Questionado sobre se se sente apoiado financeiramente, Manuel Mendes diz que não quer "entrar por aí, fazer de choramingas dizendo que precisava disto e daquilo. Todos os apoios são naturalmente bem-vindos".
O apoio da empresa onde trabalha, facilitando-lhe os horários para que possa treinar diariamente, o empenho do treinador na sua preparação física e emocional e a compreensão da família foram determinantes para que o atleta do Vitória de Guimarães pudesse alcançar o bronze no Rio de Janeiro. "Antes de ir para os Jogos tive uma conversa com a minha mulher sobre se valeria ou não a pena tanto sacrifício, nomeadamente com a minha ausência, o que a obriga tantas vezes a ser mãe e pai ao mesmo tempo", desabafa.
A mulher, Marta, e a filha, Ana Rita, acompanham-no no sacrifício e no orgulho: "Ele convenceu-me que era praticamente impossível ganhar uma medalha e no domingo quando o vejo aos 40kms em terceiro, foi mesmo muito emocionante", conta Marta Teixeira. A filha acrescenta: "Uma medalha nos Jogos Paralímpicos não é para toda a gente".
E melhor do que uma medalha, só mesmo duas: "Já não sou novo mas também não sou velho. Se puder estar em Tóquio vou agarrar a oportunidade", atira Manuel Mendes.
O atleta fez do infortúnio uma força a partir do momento em que ficou sem o antebraço esquerdo aos nove anos, numa "brincadeira mal calculada" numa máquina agrícola. "Mas ainda bem que isso me aconteceu porque senão não estaria aqui", atira.