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A Associação dos Jornalistas de Desporto (CNID) vai fazer "tudo para apoiar a jornalista da SportTV" que foi alvo de um processo disciplinar pelo Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol, assumindo ir até aos tribunais internacionais se tal for necessário.
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"O CNID fará tudo para apoiar a jornalista da SportTV que fez a pergunta. Iremos até aos tribunais internacionais se for caso disso. Não acredito, porque acho que o Conselho de Disciplina não vai dar nenhuma multa por a jornalista fazer o seu trabalho. E, finalmente, vamos chamar a atenção da Liga e dos clubes que não podem fazer regulamentos que, se levados às últimas consequências, são absolutamente inconstitucionais", revela à TSF o presidente da associação, Manuel Queiroz.
O líder do CNID considera que "os jornalistas não podem permitir que haja alguém que decida o que é que se pode perguntar ou não" e "aquilo que fez a Rita Latas, no caso, foi uma coisa que perfeitamente óbvia que foi fazer uma pergunta que tinha toda a relevância naquele momento e que devia ser feita".
Ouça as declarações de Manuel Queiroz à TSF
"Os jornalistas não podem aceitar que alguém lhes diga ou que alguém lhes dê uma multa, porque fazem uma pergunta, que foi feita com toda a clareza e que o Ruben Amorim respondeu de forma muito elegante e que não houve nenhum problema. O Rúben Amorim depois falou daquilo na conferência de imprensa. Agora, um processo porque um jornalista faz uma pergunta, porque o jornalista faz o seu trabalho?", questiona Manuel Queiroz.
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O presidente do CNID levanta mesmo a questão sobre a forma como os regulamentos são elaborados: "Os regulamentos são públicos, portanto são comunicados, mas nunca foram discutidos connosco, nem com o sindicato, nem com, creio eu, alguém que perceba desta matéria. Deviam, pelo menos, ser feitos por alguém que soubesse o que estava a fazer. Isto não pode ser."

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Em causa está a pergunta que a jornalista fez a Rúben Amorim no final do jogo entre Sporting e Desportivo de Chaves. Na flash interview, Rita Latas questionou o treinador do Sporting sobre as críticas de Slimani à forma como foi tratado pelo técnico: "Uma última pergunta e um pouco à margem do jogo porque é impossível fugir a esse tema, as palavras de Slimani dirigidas a Ruben Amorim. Que comentários lhe merecem o que Slimani disse que, ao que tudo indica, Rúben Amorim não queria que Slimani jogasse porque preferia que Paulinho estivesse no onze inicial?"
Rúben Amorim recusou responder naquele momento, remetendo o comentário para a conferência de imprensa que se seguiu.
Antes, em comunicado, o CNID tinha considerado absurdo abrir um inquérito nesta situação.
Leia o comunicado na íntegra:
"O CNID - Associação dos Jornalistas de Desporto tomou conhecimento de que o Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol abriu um processo a uma jornalista da SportTV.
Esta é só mais uma das muitas coisas estranhas que se passam no âmbito da Justiça Desportiva, porquanto a Jornalista se limitou a fazer o seu trabalho, fazendo uma pergunta ao treinador do Sporting sobre uma questão de atualidade (declarações de Slimani), ao que o treinador respondeu educadamente que falaria disso na conferência de Imprensa que se seguiria.
A jornalista colocou apenas uma questão pertinente como é seu dever. Abrir um processo por isto é absurdo, para não lhe chamar outra coisa.
O CNID desconhecia este inusitado âmbito disciplinar a que os Jornalistas estariam submetidos e que é absolutamente inaceitável.
Os Jornalistas não podem ser escrutinados por nenhum Conselho de nenhuma Federação ou Liga, nem por nenhum clube. Nunca. Jamais.
A Jornalista contará com o apoio total do CNID, que irá até às instâncias internacionais se for caso disso. E se, por absurdo, houvesse que ser paga qualquer multa, o CNID faria questão de a pagar - em moedas de cêntimo, entregues à presidente do CD."