Do ar a mais à falta dele na montanha-russa azul e branca. Gil Vicente vence no Dragão

Veja os golos. Equipa de Sérgio Conceição acabou reduzida a nove e vê o Benfica ganhar espaço no topo da tabela.

Foi uma montanha-russa aquilo que se viu esta noite no Dragão. O Gil Vicente venceu por 2-1 um FC Porto que acabou reduzido a nove por expulsões de João Mário e Uribe, num jogo em que só conseguiu respirar aos 25', isto quando os dragões já tinham marcado duas vezes por Taremi - mas só uma valeu -, Pepê já falhado um golo de baliza aberta e Namaso tinha acertado na trave.

Era o pico da montanha-russa. Daí à falta de ar foi uma descida sem parar. Primeiro, pelo golo do empate de Navarro, depois pela expulsão de João Mário e, por fim, pelo golo da reviravolta de Murilo num penálti provocado por Uribe, que acabaria depois expulso na segunda parte.

Com este resultado, o FC Porto volta a atrasar-se na corrida pelo campeonato ao ver o Benfica ficar com uma vantagem de oito pontos e pode até ser ultrapassado pelo SC Braga, que por esta altura tem apenas menos dois pontos. Já o Gil Vicente soma 26 pontos e sobe ao 13.º lugar da Primeira Liga.

Tudo podia ter começado com um recorde no Dragão. Se Abel Ruiz bateu, há uma semana, o de golo mais rápido da Liga, esta noite Taremi tê-lo-ia melhorado em mais de cinco segundos. O iraniano rematou para o fundo das redes aos 12 segundos, mas estava em fora de jogo. Serviu para aquecer.

Aos quatro minutos, Namaso conduziu pela direita e cruzou para Taremi que, de primeira, bateu pela segunda vez Andrew.

Tinha aspeto de sufoco o que se via no Dragão. De tal forma que Pepê desperdiçou, de forma quase caricata, um golo de baliza aberta a pouco mais de um metro da baliza. E aos 20' a contagem até já podia ir nos 3-0, mas nessa ocasião foi a trave que impediu o golo a Namaso.

Todo o ar naquele estádio era pouco para deixar o Gil Vicente respirar. Ora era Pepê quem arrancava, ora João Mário, ora Namaso. E quando não era alguém que corria com a bola, era a própria que corria mais rápido do que os gilistas. Só aos 25' lhes chegou uma botija de oxigénio carregada por Fujimoto, que lá inventou uma jogada para obrigar Diogo Costa a aquecer as luvas.

Assim se abriram os pulmões do Gil Vicente. Galvanizados pelo ataque anterior, os homens de Daniel Sousa soltaram-se - como se soltou Zé Carlos no corredor direito - e foram felizes. O lateral português foi à linha de fundo cruzar e a bola encontrou à boca da baliza o suspeito do costume para os lados de Barcelos: Fran Navarro, numa daquelas finalizações tantas vezes descritas como "à ponta de lança", só encostou.

E o fôlego gilista tornou-se ainda maior. Aos 35', em nova aproximação à grande área de Diogo Costa, João Mário acabou por fazer mão na bola quando era o último homem da linha defensiva. Rui Costa mostrou-lhe um amarelo, mas depois de consultar o VAR mudou de ideias: retirou a primeira cartolina para a tornar num vermelho direto e deixar o FC Porto a jogar com dez ainda antes do intervalo.

Ora, em 45 minutos o FC Porto conseguia ir "do 80 ao 8". Oito, porque foi Uribe quem, em cima da pausa, fez penálti sobre Boselli. Rui Costa recorreu de novo ao VAR, apontou para os 11 metros e Murilo - que antes tinha atirado à trave em jogo corrido - converteu o penálti. Diogo Costa, como em tantas outras vezes nesta época, acertou no lado, mas não conseguiu defender.

Havia reviravolta no Dragão e Pepe, em dia de aniversário, não ia nada feliz para os balneários. Deles voltou com novas companhias - Gonçalo Borges e Zaidu, que entraram para os lugares de Wendell e Namaso - e com o FC Porto a mostrar a mesma atitude do início do jogo: pressionante, atacante e rematador.

Durou seis minutos. O "oito" de há bocado voltou a fazer das suas, desta vez a meio do seu próprio meio-campo: entrou sobre Zé Carlos com a sola exposta, acertou no adversário e viu o segundo amarelo - o primeiro tinha-o recebido no penálti -, deixando os da casa reduzidos a nove.

"E agora?" seria a pergunta que começava a circular no banco e nas bancadas azuis e brancos. Era o momento de começar a decidir entre suspirar e pensar no jogo, ou respirar fundo e correr atrás do prejuízo. A opção foi a segunda.

Com cinco jogadores envolvidos no ataque, sendo que por esta altura sobravam apenas oito mais Diogo Costa, na baliza, o FC Porto galvanizou-se e chegou à grande área gilista. Pepê cruzou a partir da direita e Eustáquio rematou de carrinho para o que teria sido o golo do empate, não estivesse o canadiano em fora de jogo. Ainda assim, servia de prova de que qualquer descuido do Gil Vicente podia sair caro.

As últimas cartadas de Sérgio Conceição foram Rodrigo Conceição e Toni Martínez, abdicando de Eustáquio e de Zaidu, que tinha entrado ao intervalo. Pelo Gil Vicente, Daniel Sousa já tinha lançado Marlon e Bilel para refrescar o ataque e Wilson para o meio-campo. Faltavam cinco minutos para se cumprirem os 90' e nem os dragões mostravam intenções de abrandar, nem o Gil Vicente se fechava lá atrás. E no fim, ficou tudo como estava.

Nada que tenha impedido um último momento de felicidade na montanha-russa. Em dia de aniversário - são 40 anos - houve das bancadas uma festa de anos improvisada para Pepe. "Parabéns, capitão! 40 anos disto" era o que se lia numa tarja. Perante, a derrota, uma pequena vitória para o capitão azul e branco.

Onze do FC Porto: Diogo Costa, João Mário, Pepe, Marcano, Wendell, Uribe, Eustáquio, Otávio, Pepê, Namaso e Taremi

Onze do Gil Vicente: Andrew, Zé Carlos, Tomás Araújo, Rúben Fernandes, Adrían Marín, Tiba, Aburjania, Fujimoto, Murilo, Boselli e Fran Navarro

O jogo foi arbitrado por Rui Costa, auxiliado por João Bessa Silva e Carlos Martins. No VAR esteve Tiago Martins.

Suplentes do FC Porto: Cláudio Ramos, Fábio Cardoso, Zaidu, Grujic, Rodrigo Conceição, André Franco, Toni Martínez, Gonçalo Borges e Bernardo Folha

Suplentes do Gil Vicente: Brian, Né, Lucas Barros, Bilel, Marlon, Gabriel Pereira, Roan Wilson, Simões e Kevin

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