Líder da federação nega ter despedido selecionadora, critica Telma Monteiro e deixa-lhe desafio

Jorge Fernandes não gostou do que a selecionadora escreveu nas redes sociais nem das críticas de Telma Monteiro. Em declarações à TSF, desafia agora a judoca a candidatar-se às próximas eleições para "gerir melhor" a federação.

O presidente da Federação Portuguesa de Judo, Jorge Fernandes, nega ter despedido a selecionadora nacional Ana Hormigo, embora reconheça que esta já "não tem condições para continuar". À TSF, o mesmo responsável explica que pediu ao "advogado da federação para entrar em contacto com ela [Ana Hormigo]".

Perante estas justificações, e questionado sobre se Ana Hormigo terá, então, sido convidada a despedir-se, Jorge Fernandes também o nega.

"Ela [Ana Hormigo] irá entrar em contacto com o advogado, foi assim que eu lhe pedi, para falarem os dois e chegarem a algum entendimento", explica, reiterando a ideia de que "não há condições" para Hormigo continuar a trabalhar na federação. "Quem escreve aquilo que ela escreveu nas redes sociais sem nunca ter falado com a federação não tem condições para continuar aqui", assevera também Jorge Fernandes.

Em agosto, Ana Hormigo solidarizou-se com uma carta aberta então subscrita por sete dos dez atletas do projeto olímpico da modalidade: Telma Monteiro, Bárbara Timo, Rochele Nunes, Patrícia Sampaio, Catarina Costa, Anri Egutidze e Rodrigo Lopes. No documento surgiam críticas ao funcionamento da modalidade em Portugal e a denúncia de um "clima insustentável e tóxico" alegadamente promovido por Jorge Fernandes.

Nas redes sociais, Hormigo acabou por escrever que o "apelo gritante" dos sete atletas espelhava a "preocupação daquilo que se tem vivido e presenciado no judo nacional nos últimos tempos".

"Não são apenas 7, mas foram estes 7 com coragem para 'dar a cara' pelo judo nacional, por aqueles que não têm força, nem voz para se expressar. São 7 que se sujeitam à pressão emocional, à opinião pública numa altura em que decorre a corrida aos Jogos Paris 2024", defendia.

"Por ser a Telma Monteiro, o que ela diz é tudo verdade?"

A polémica com Ana Hormigo continua agora, dois meses depois desta publicação, e também através das redes sociais. Foi no Instagram que a judoca Telma Monteiro revelou que "a federação despediu a treinadora Ana Hormigo, por e-mail, no dia antes de a equipa viajar" para o Grand Slam de Abu Dhabi, competição que entra no apuramento para os Jogos Olímpicos.

Na mesma publicação, a judoca revela que o presidente da federação terá adiantado numa reunião interna que os judocas que assinaram a carta crítica da gestão daquele organismo têm de retratar-se "esta semana" ou "serão levados a tribunal".

É mais uma comunicação que não cai bem a Jorge Fernandes. "Já a ouvi por várias vezes falar sobre a gestão da federação. Pode candidatar-se e vem gerir melhor do que o que estamos a fazer", desafia o responsável, que aconselha até Telma Monteiro a "preparar-se para as próximas eleições, em 2024".

Embora reconheça que a judoca é "uma das melhores atletas do mundo" e que tem "todo o direito" a tecer críticas, na ótica de Jorge Fernandes "ela [Telma Monteiro] deve estar preocupada em focar-se no treino e na competição".

O presidente da federação traz mesmo à conversa com a TSF outros atletas, como Jorge Fonseca - "ouve dizer isso dele?" - ou Catarina Costa, que assinou a carta, no verão, com outros atletas, "e demarcou-se".

"Porquê? Quis demarcar-se e reconhecer que esteve mal e que aquilo não é verdade. Agora é assim, por ser a Telma Monteiro, o que ela diz é tudo verdade?", remata.

Presença da selecionadora é "motivo de desestabilização para os atletas"

Questionado pela TSF sobre se esta decisão pode acabar por desestabilizar a preparação dos atletas para as provas que se avizinham, Jorge Fernandes nega-o veementemente: "Não, não, não, não. Se eu achasse que podia desestabilizar os atletas, naturalmente ela [a selecionadora] não sairia."

O responsável adianta ainda até que o entendimento na federação é precisamente o contrário. "O que nós achamos - e não sou só eu - é que a presença de Ana Hormigo junto da seleção é, neste momento, um motivo de desestabilização para os atletas."

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