Não é o violino, mas é o bombo que toca a título

Os dragões, que venceram o Paços (1-0), foram onze homens de bombo em riste, que deixaram o espetáculo para outras núpcias.

O mestre Jaime Pacheco, antiga glória do FC Porto e improvável campeão nacional com o Boavista, do alto da sua sabedoria, um dia definiu o jogo da sua equipa do seguinte modo: "Sabemos tocar violino, mas, se for preciso, vamos de bombo."

Hoje, os dragões, em ebulição pela derrocada encarnada na Pérola do Atlântico, foram onze homens de bombo em riste, que deixaram o espetáculo para outras núpcias, abandonaram a estética pela ética da vitória e assumiram que mais do que encantar... era necessário ganhar!

Esta ideia teria expressão prática, logo no debutar da contenda, quando Mbemba, a aproveitar um erro num canto do guardião Ricardo Ribeiro, colocaria os homens da Invicta em vantagem.

Que melhor poderia suceder a uma equipa que sabia que se ganhasse deixava o ceptro de campeão nacional muito mais próximo?

O jogo, esse, continuaria nas mesmas premissas. O Paços num 4-3-3 em que procurava as potencialidades criativas de Pedrinho, cerceado pela pressão alta do meio-campo musculado dos azuis e brancos e, por isso, com muitas dificuldades de transição, e o FC Porto com um tradicional 4-4-2 em que a falta de Sérgio Oliveira, trocado por Danilo, permitia levar o jogo para uma dimensão física onde os homens de Sérgio Conceição se sentiam e sentem como peixes na água.

E assim se jogaria uma primeira parte de "querer a poder", como diria outro mestre do futebol português, Quinito de seu nome. As equipas queriam, lutavam, mostravam arreganho, mas oportunidades nem vê-las. Os dragões, esses, achavam isso o menor dos problemas!

A segunda metade seria diferente, pelo menos nas intenções pacenses. Avançando as linhas, os castores começaram a pressionar mais alto e a chegar mais perto da área de Marchesín. Além disso, os laterais começaram a libertar-se e a ocupar espaços que, na primeira parte, poderiam ser considerados inóspitos.

Fruto dessa atitude mais descomplexada e de uns dragões, certamente, a fazer contas de cabeça e a acusarem a importância dos três pontos, as oportunidades começaram a aparecer na baliza de Marchesín. Por três vezes, os pacenses estiveram perto de resgatarem um ponto, numa contenda disputada com os níveis de adrenalina no máximo, mas sem a criatividade e a beleza plástica de muitos desafios.

Entretanto, os homens orientados por Sérgio Conceição fechariam a porta, com a entrada do possante Loum, que ajudou a colocar as trancas à porta e ainda tornou o som do bombo mais alto.

Quem disse que só a melodia dos violinos faz os apreciadores felizes? Por vezes, um bom bombo significa... título!

* A Economia do Golo

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