Em Trás-os-Montes há um clube de futebol que está a atrair muitas atenções e não é por causa dos títulos ou vitórias. É porque foi criado há cerca de quatro meses numa pequena aldeia com pouco mais de 120 habitantes e sem nenhum jogador da terra.
Ora, sendo assim já seria notícia mas acontece que o presidente do conselho fiscal do novíssimo clube é Y Ping Chow, nada mais nada menos que o presidente da Liga dos Chineses em Portugal.
O grupo desportivo de Mós nasceu na aldeia com o mesmo nome no concelho de Moncorvo e vai militar este ano na divisão de Honra da distrital de Bragança.
Pedro Pinto é o diretor desportivo do Mós. A mais recente equipa do distrital de Bragança. O advogado fez no passado serviços, na área desportiva da Liga dos Chineses em Portugal e foi lá que travou amizade com Y Ping Chow.
"Eu já sou amigo do sr. Y Ping Chow há alguns anos e também já fui responsável pela Liga dos Chineses em Portugal pela parte do desporto. Já há dois ou três anos que eu vinha mantendo algum contacto desportivo com o sr. YPing Chow e foi também um repto que lhe lancei para aparecer neste novo clube.
Y Ping Chow aparece como presidente do conselho fiscal do Clube Desportivo de Mós. A ligação aos chineses prevê, a curto prazo intercâmbios de clubes transmontanos com outros da china. Pedro Pinto assinala que "no início do próximo ano vão vir aqui a Portugal algumas equipas chinesas e outras de cá que serão convidadas a ir à China, tudo suportado pelo governo chinês".
E porque acontece tudo em Mós, uma das mais pequenas aldeias do concelho de Moncorvo? Primeiro porque Pedro Pinto é duma aldeia do concelho, segundo porque o projeto foi oferecido ao Grupo Desportivo de Moncorvo, clube com mais de 50 anos de existência, e recusou e terceiro porque o agora presidente do Mós foi diretor do GDM e é há sete anos que é presidente da Associação Cultural e Recreativa de Mós, onde nasce agora este clube.
Belarmino de Deus o presidente da Associação e agora do Clube é um homem feliz. " Mós é uma terra pequena com cerca de 120 habitantes e eu fiquei bastante contente que o projeto fosse para a minha aldeia porque assim o nome da minha aldeia pode ser projetado, para já a nível distrital e futuramente, não sei, mas poderá ter outros voos"
Mas vamos ao futebol. Se não há jogadores em Mós de onde é que vêm? Seis são do concelho com destaque para José Matos, conhecido no mundo do futebol como Cardeal. Mais do que isso era o capitão do Moncorvo, uma referência do GDM que agora veste a camisola do Mós.
Diz que quis "integrar um projeto sério e ter uma nova experiência e intercâmbio com jogadores de outras nacionalidades com vivências e formas de estar diferentes".
Depois há mais três jogadores que vêm da zona do Porto pela mão do treinador. José Vieira é de Paredes e já treinou clubes da distrital do Porto. O Mós também já contratou oito brasileiros mas José Vieira espera poder contar com chineses também. O clube já falou com um agente.
"E ele ficou de nós entregar dois ou três jogadores. Já que não os temos aqui temos que recorrer a fora". O treinador diz que a direção falou com ele para tentar a subida já este ano
mas à cautela vai dizendo que "é melhor ver como o campeonato se desenrola e tentar manter-nos nos lugares cimeiros, depois a direção é que há de dizer sim ou sopas"
Para já o Mós fez um primeiro jogo amigável no campo que a Câmara lhes cedeu para treinarem e jogarem. Belarmino de Deus, o presidente do Mós gostou do que viu nas bancadas. "As pessoas gostaram imenso. As pessoas disseram que nós temos uma grande equipa".
O presidente acrescenta que não são só estes que vão ver os jogos mas outros que estão fora e que têm ligações à pequena terra, que vão querer saber novas sobre o segundo clube de futebol de Moncorvo. "Eu já estou a vê-los segunda-feira a desfolhar os jornais para saber qual é o resultado".
O resultado do primeiro jogo oficial foi uma derrota com o Vila Flor por duas bolas a uma. O projeto do Mós está orientado para quatro anos e com a intenção de fazer chegar o clube a uma divisão superior... integrando jogadores chineses.
Para já também não há dinheiro Chinês no Clube, apenas patrocínios locais, mas deverá chegar dentro de pouco tempo, diz Pedro Pinto, o diretor desportivo do Mós. "Neste momento não temos nenhum apoio a nível económico, mas mais tarde é provável que isso aconteça."
