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O Grande Prémio da Grã-Bretanha em Fórmula 1 ainda não tinha uma volta completa quando uma bandeira vermelha interrompeu a competição. Um acidente, pouco depois do arranque, silenciou o público que enchia as bancadas do Circuito de Silverstone, no centro de Inglaterra.
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Durante alguns minutos, a única imagem do sucedido era a de um carro que capotou e ia sendo arrastado em direção às barreiras de pneus. Mais tarde, quando foi anunciado que todos os intervenientes do acidente estavam conscientes, começou a surgir mais informação: o carro da Alfa Romeu, com o número 24, pertencente a Zhou Guanyu, bateu nas grades que separam a pista dos adeptos a mais de 300 km/h e ficou preso no espaço que as separava da barreira de impacto.
As imagens correram o mundo e começaram a surgir discussões sobre a segurança na Fórmula 1. Após ser observado no centro médico do circuito, o piloto chinês, recorrendo às redes sociais, não teve dúvidas: "o halo salvou-me a vida".
I"m ok, all clear. Halo saved me today. Thanks everyone for your kind messages! pic.twitter.com/OylxoJC4M0
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Além da disputa de posição que causou o embate do monolugar de Zhou com George Russell e Pierre Gasly, o tailandês Alex Albon também precisou de assistência, mais atrás no pelotão, por bater com a parte dianteira do carro da Williams com alguma violência nas barreiras.
Ao contrário do chinês, Albon acabou por ser transportado para o hospital, mas teve alta pouco depois de terminada a corrida, este domingo. Ambos estão aptos para a próxima ronda do campeonato de Fórmula 1, no Red Bull Ring, na Áustria.
Today was a reminder that F1 remains a high-speed, high-risk sport that is always right on the edge.
We are so thankful to the advances in safety that mean both Zhou Guanyu and Alex Albon are safe and well. pic.twitter.com/BJ8PPDG2av
O que é o halo?
O halo é uma barra arqueada colocada acima da cabeça do piloto para o proteger de detritos que o possam atingir e no caso de colisões. Feita de titânio, a estrutura de 7 kg foi feita, segundo a Fórmula 1, para sustentar cerca de 12 toneladas de peso.
O dispositivo foi primeiro testado nos carros de Fórmula 1 em 2016 e, em 2018, acabou por se tornar obrigatório em várias categorias do automobilismo, apesar de alguma oposição de pilotos e partes interessadas na modalidade.
Lewis Hamilton, heptacampeão de Fórmula 1, chamou ao halo a "modificação mais feia" na história do desporto. Todavia, depois do acidente do britânico com o carro de Max Verstappen, em 2021, em Monza, quando a roda do monolugar do neerlandês passou por cima do seu capacete, Hamilton confessou que o halo lhe salvou a vida.
A dramatic new angle on the Hamilton/Verstappen collision#ItalianGP #F1 pic.twitter.com/PvN2KGUbbi
Ainda antes, em 2020, o francês Romain Grosjean sobreviveu depois de um impacto nos rails, que causou um incêndio no seu monolugar, no Bahrain, e, em 2018, evitou lesões em Charles Leclerc, quando o carro de Fernando Alonso sobrevoou e embateu no halo do monegasco. Ao longo dos anos, as fatalidades evitadas mudaram a opinião dos mais céticos.
We are so thankful that Romain Grosjean was able to walk away from this. We did not need a reminder of the bravery and brilliance of our drivers, marshals, and medical teams, nor of the advances in safety in our sport, but we truly got one today#BahrainGP #F1 pic.twitter.com/z8OeTU5Nem
Leclerc, Alonso and Hulkenberg
Reaction from all three drivers to their big crash on Sunday#BelgianGP #F1 pic.twitter.com/v3l2pVEJ83
A segurança foi sempre discutida no automobilismo. Primeiro, a morte de Henry Surtees na Fórmula 2, em 2009, seguida pela de Jules Bianchi, devido a lesões sofridas no Grande Prémio do Japão de Fórmula 1, em 2014 e, ainda pelo acidente mortal de Justin Wilson, na IndyCar, em 2015, aceleraram o processo do dispositivo de segurança.
Após vários anos de estudos, descobriu-se que o halo é o único dispositivo que passou com sucesso num teste, em que conseguiu desviar uma roda disparada a mais de 240 quilómetros por hora. Este domingo, no Circuito de Silverstone, "salvou a vida" a Zhou Guanyu, mas esta não irá ser, certamente, a última vez em que será chamado a intervir.
O Grande Prémio da Grã-Bretanha de Fórmula acabou por recomeçar e foi vencido pelo espanhol Carlos Sainz, da Ferrari, que conquistou a primeira vitória na competição. O mexicano Sérgio Pérez cruzou a linha de meta na segunda posição e, a fechar o pódio, terminou Lewis Hamilton. O acidente de Zhou fica marcado na história da Fórmula 1 e no asfalto de Silverstone.
Wow. The aftermath of Zhou Guanyu's massive crash on the Silverstone track pic.twitter.com/LTQTbCutyd