Prova de fosso olímpico. João Paulo Azevedo quer "trazer uma medalha" para Portugal

As últimas semanas de João Paulo Azevedo antes da partida para Tóquio são de um ritmo diferente daquele a que está habituado. Entre viagens, fala com a TSF sobre os treinos - que passaram de dois por semana para uma rotina diária -, sobre os adversários, e sobre a modalidade, tiro com arma de caça, no fosso olímpico.

Um atirador não deve ter memória, nem deveria ter outro pensamento, na hora de atirar, que não o do objetivo e do objeto no horizonte. A explicação de João Paulo Azevedo ajuda a entender o que vai na cabeça de um atirador, agora atirador olímpico, dias antes da estreia nos jogos, ponto mais alto de um percurso que começou ao lado do pai, primeiro na caça desportiva, depois em ambiente de competição.

"Gostaria de estar na final, quem sabe trazer uma medalha. Mas o objetivo são os seis primeiros", garante o atirador português. Aos 37 anos vai participar na prova de fosso olímpico, a mesma em que Armando Marques conquistou a medalha de prata em 1976, em Montreal, Canadá.

O atleta do Clube de Caça e Pesca de Vila Verde João Paulo Azevedo garantiu a presença em Tóquio com um segundo lugar na Taça do Mundo, em Lahti, na Finlândia. Mas os jogos Olímpicos estavam há muito no horizonte de João Paulo Azevedo.

Começou aos 13 anos, um ano antes de ser possível a inscrição na Federação Portuguesa de Tiro com Armas de Caça. Desde o primeiro torneio, com um quarto lugar num mundial organizado em Portugal, tem tentado uma qualificação olímpica que lhe escapou nas últimas duas edições. "Lutava por isto há três ciclos olímpicos", garante.

"No que se pensa quando se atira? Não se devia pensar em nada. Mas, na verdade, passam muitas coisas pela cabeça, sempre pensamentos diferentes. Quando estamos em forma, tentamos não pensar em nada."

Natural de Vila do Conde, onde é empresário, João Paulo Azevedo deixou de lado as rotinas habituais do seu dia a dia nas últimas semanas de preparação. Em Itália experimentou nas últimas semanas um clima mais próximo daquele que se espera em Tóquio. Também as máquinas de lançamento são semelhantes. "Muito calor, muita humidade. Mas o que pode ser decisivo é o estado mental do atleta."

Em Tóquio, esperam o atleta português pelo menos 75 alvos. "São os objetivos do primeiro dia. Segundo dia com novos 50 pratos. É daí que saem os seis primeiros atletas, os que participam na final. Novos 50 pratos." A prata e ouro são definidos quando já só restam dois atletas.

João Paulo Azevedo lamenta a ausência de outros atletas portugueses e lembra as condições de muitos dos profissionais presentes no evento. "São em muitos casos funcionários públicos, militares, que se dedicam à modalidade praticamente em exclusivo."

"A atividade profissional é familiar. É por isso que consigo conciliar as coisas, houve quem ficasse no meu lugar (...) é difícil a gestão porque tudo se mistura um bocado", confessa João Paulo Azevedo.

Na mala para Tóquio não podem faltar objetos importantes para manter a concentração, como a máquina do café. "Tenho também coisas da minha filha, e os meus santinhos." Objetos que encurtam as distâncias, de Vila do Conde para Tóquio.

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