Relatório aponta para "agressão criminosa" da polícia contra adeptos na final da Champions

Académicos britânicos argumentam que os adeptos do Liverpool evitaram uma "tragédia" com recurso à experiência direta ou indireta que tinham do desastre de Hillsborough.

Um relatório sobre os incidentes registados na mais recente final da Liga dos Campeões, redigido por um painel de académicos, responsabiliza a polícia francesa pelo que diz terem sido atos de "agressão criminosa" a que os adeptos foram sujeitos.

Liderado por Phil Scraton, professor britânico que também coordenou uma investigação independente sobre o desastre de Hillsborough - que fez 97 mortos em 1989 -, o painel ouviu os testemunhos de 485 pessoas, dois terços das quais dizem ter temido pela sua vida.

A investigação citada pelo The Guardian aponta falhas "flagrantes" à UEFA e argumenta que homens, mulheres e crianças foram colocados em perigo quando milhares de adeptos se viram retidos à porta do Stade de France antes do jogo entre Real Madrid e Liverpool.

No relatório lê-se que houve "persistentes e aleatórios ataques da polícia sobre os adeptos e a utilização, sem qualquer provocação, de gás lacrimogéneo sobre homens, mulheres e crianças em espaços confinados foi negligente e perigosa. Constitui agressão criminosa".

O mesmo documento argumenta que a "hostilidade" da polícia antes, durante e depois do jogo "demonstra uma mentalidade coletiva que resultou em abusos da lei criminal" e que as falhas da UEFA no que respeita à segurança do estádio e à gestão da multidão "comprometeram severamente a saúde e bem-estar dos fãs", que se viram ainda sujeitos a "roubos sob ameaça de facas por parte de gangs locais".

Os testemunhos recolhidos pelos autores do relatório dão conta de que os adeptos foram "colocados em risco por um policiamento agressivo, medidas de segurança ineficazes e pelas falhas em implementar planos alargado de gestão de segurança do estádio e princípios de gestão de risco".

Os investigadores acabam mesmo por concluir que, "com base no seu conhecimento e, para alguns, na experiência direta, do desastre de Hillsborough, os adeptos do Liverpool preveniram uma tragédia através da sua ação coletiva".

Quando falta cerca de um mês para a publicação da investigação promovida pela UEFA - e que é liderada pelo ex-ministro Tiago Brandão Rodrigues - o relatório independente identifica "múltiplas falhas funcionais" que levaram a uma sequência de eventos "difícil de compreender", mas que deixou muita gente "ferida, mentalmente afetada e financeiramente comprometida".

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