PS até concorda mas chumbou diploma do Bloco sobre desigualdades salariais

O BE queria limites para a desigualdade entre salários na mesma empresa. O PS remete para a Concertação Social apesar de considerar que o Estado "deve intervir em situações de imoralidade" económica.

Apesar do desafio do Bloco e de ter, em preparação, uma recomendação ao Governo sobre o assunto, o PS votou ao lado do PSD e do CDS para chumbar, logo na generalidade a proposta do Bloco de Esquerda para introduzir limites às desigualdades salariais.

Para ilustrar a disparidade entre salários, o deputado bloquista José Soeiro exibiu um um enorme cartaz branco, bem mais alto do que a bancada, e numa figura gigante, a negro, representou o vencimento de um gestor de empresas como a EDP ou CTT. Foi ao lado deste cartaz que, em seguida, José Soeiro mostrou uma imagem mais pequena, simbolizando o salário médio em Portugal e, finalmente, duas imagens bem mais reduzidas, em representação do salário de um trabalhador dos CTT (visto à lupa) e outro do Pingo Doce (apenas visível ao microscópio).

No debate, o líder da JS, Ivan Gonçalves, lembrou que foram os jovens socialistas quem primeiro avançou, num congresso do PS, com propostas para garantir que, por princípio, o Estado "deve intervir em situações de imoralidade" económico-financeira, mas defendeu que o Parlamento não deve legislar sem primeiro o assunto passar pela Concertação Social.

Um argumento considerado como "uma desculpa esfarrapada" pelo BE.

"Espero que a resolução do PS não sirva de biombo para nada se fazer contra as desigualdades salariais", ironizou o bloquista José Soeiro.

Entre os restantes partidos, o CDS acusou o Bloco de pretender "um verdadeiro strip-tease salarial que não respeita a privacidade de quem trabalha e não quer ver o vencimento publicado na Internet" e o PSD considerou que o diploma "representa uma ingerência na vida das empresas privadas e traduz o conceito estalinista do Bloco de Esquerda".

Apesar de considerar que existem "outras prioridades mais imediatas", como o aumento salarial, o PCP votou a favor, assim como os Verdes.

A dirigente socialista Wanda Guimarães, antiga sindicalista, absteve-se e o mesmo fez o deputado do PAN André Silva.

Apesar do voto contra, os deputados ligados à Juventude Socialista anunciaram a apresentação de uma declaração de voto sobre o tema.

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