Os trabalhadores da Refer juntam-se quarta-feira aos da CP numa greve às horas extraordinárias, em dia de descanso semanal e aos feriados, que terá especial impacto no feriado 15 de agosto.
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Os trabalhadores da CP têm um pré-aviso de greve até ao dia 31 de agosto, enquanto os funcionários da Refer estarão em greve a partir de hoje e até ao final de setembro.
Também a Carris, Metropolitano, STCP e CP Carga entregaram o pré-aviso de greve às horas extraordinárias para 15 de agosto.
«Em princípio, se as coisas se mantiverem no estado em que estão, o [dia] 15 de agosto pode ser um dia problemático para viajar de comboio», afirmou à Lusa o coordenador da Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (FECTRANS), José Manuel Oliveira.
Segundo o dirigente sindical, «com a entrada dos trabalhadores da REFER neste tipo de greve deverão surgir problemas acrescidos».
Isto porque, explicou José Manuel Oliveira, «pode dar-se o caso de até de existirem condições para fazer alguns comboios, mas em virtude da paralisação dos trabalhadores da Refer não ser possível, porque são eles que fazem o comando e o controlo da circulação ferroviária».
Os trabalhadores das duas empresas públicas do setor ferroviário avançaram para a greve para contestar as alterações que serão introduzidas nos Acordos de Empresa (AE), na sequência das alterações ao Código do Trabalho, que hoje entram em vigor.
A CP já anunciou que vai anular ou suspender cláusulas do AE, a partir de quarta-feira, devido à entrada em vigor das alterações ao Código do Trabalho.
A Refer também fez saber que as alterações ao Código do Trabalho relativas às regras sobre o trabalho extraordinário e descansos têm «caráter imperativo» e sobrepõem-se ao AE.
As alterações que serão feitas dizem respeito ao trabalho extraordinário, aos feriados e em dia de descanso semanal. No entanto, na prática, não haverá alterações em relação ao regime que atualmente vigora, uma vez que o pagamento do trabalho extraordinário, aos feriados e em dia de descanso previsto nos AE já foi reduzido devido à Lei do Orçamento do Estado para 2012.
Para José Manuel Oliveira, as alterações ao Código do Trabalho mantém os deveres, mas retiram os direitos aos trabalhadores.
O responsável adiantou à Lusa que está agenda para 5 de setembro uma «reunião ampla de dirigentes, delegados sindicais e de representantes da comissão de trabalhadores para aprovar um caderno reivindicativo a entregar nesse dia ao Governo».
Também está previsto o anúncio de «um conjunto de ações ainda durante o mês de setembro», concluiu.