A Amnistia Internacional Portugal alertou para a possibilidade de graves problemas ambientais, de direito à habitação e ao trabalho decorrentes da venda da participação portuguesa da EDP à China Three Gorges Corporation.
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Em comunicado, a amnistia refere que na China a construção da barragem das Três Gargantas tem dado origem a sérios problemas de poluição do rio Yangtzé com secagem de pântanos, destruição do modo de vida de comunidades piscatórias, alternância de secas e de cheias com a consequente erosão dos terrenos e o aparecimento de doenças tropicais até então quase inexistentes.
Segundo a Amnistia Internacional Portugal, a barragem das Três Gargantas foi construída numa grande falha tectónica com grande instabilidade dos terrenos adjacentes: verificam-se grandes deslizamentos de terras até vários quilómetros de distância da barragem por vezes com destruição de aldeias inteiras.
Para a construção da barragem, adianta, foram desalojados um milhão de cidadãos chineses, a maioria dos quais não recebeu uma indemnização justa ou teve direito a realojamento.
«Isto demonstra a falta de respeito pelos direitos humanos e ambientais da companhia em questão. Também é conhecido o desrespeito pelo direito ao trabalho por parte das grandes empresas chinesas», frisa a organização.
A Amnistia Internacional de Portugal diz ainda temer que «ações futuras de construção ou ampliação de infraestruturas produtoras de energia elétrica levadas a cabo pela China Three Gorges Corporation venham a reger-se pelos mesmos padrões de desrespeito dos direitos económicos, sociais e ambientais das populações».
Os chineses da Three Gorges Corporation foram hoje os escolhidos pelo Governo para a aquisição da participação pública de 21,35 por cento na EDP.
[Texto escrito conforme o novo Acordo Ortográfico]