Greve geral. Sindicatos "pensam pela própria cabeça" e afirmam que Governo é que "caiu na armadilha dos patrões"

Foto: António Cotrim/Lusa (arquivo)
A UGT, os TSD e a União de Sindicatos Independentes sublinham que aderem à greve geral por vontade própria e não por terem caído em qualquer "armadilha", como defendeu o primeiro-ministro no debate quinzenal no Parlamento.
Sérgio Monte, secretário-geral adjunto da UGT, lembra que a greve geral do próximo dia 11 de dezembro foi aprovada "por unanimidade", com o voto favorável de todas as tendências sindicais, incluindo os Trabalhadores Social-Democratas.
Em declarações à TSF, o dirigente da UGT sublinha que "também alguns ex-ministros do PSD e da AD terão caído na armadilha". Sérgio Monte refere-se a palavras de Silva Peneda e de Bagão Félix, que já consideraram que a proposta do Governo é inoportuna e provoca desequilíbrio nas relações laborais.
O adjunto de Mário Mourão recusa que a UGT tenha caído na "armadilha" da CGTP, como acusa Luís Montenegro, e devolve a acusação ao chefe do Governo, afirmando que foi o Executivo que "caiu na armadilha dos patrões" e isso já foi "reconhecido" pela ministra do Trabalho, Maria do Rosário Palma Ramalho, que disse que a lei atual é "desequilibrada" a favor dos trabalhadores e essa é uma situação que tem de ser corrigida.
Entre as tendências sindicais da UGT que aprovaram, de forma unânime, a realização da primeira greve geral desde 2013, estão os TSD (Trabalhadores Social-Democratas). O secretário-geral, Pedro Roque, entende as palavras do primeiro-ministro como estando "dentro da dialética parlamentar" e garante à TSF que estes trabalhadores pensam pela própria cabeça.
"Os dirigentes sindicais da tendência social-democrata na UGT, tal como aconteceu noutras greves gerais (...), votaram de modo solidário com o resto da central", de acordo com o entendimento dos sindicatos associados dos TSD.
Pedro Roque acredita que, apesar da greve geral, um acordo sobre as mudanças nas leis do trabalho está cada vez mais próximo e defende mesmo que "o clima, hoje, é mais desanuviado do que há umas semanas".
A esta greve geral, na próxima quinta-feira, vai aderir, pela primeira vez, a União dos Sindicatos Independentes, uma estrutura sindical que existe há 25 anos.
Paulo Marcos, presidente da USI, considera que o pacote laboral ultrapassa os limites do razoável. "Apesar do nome modernaço, implica um profundo retrocesso civilizacional e está nos antípodas daquilo que devia ser uma revisão do Código do Trabalho."
O dirigente sindical nota que a legislação laboral portuguesa é de 2003, por isso, é "muito recente". "É do século XXI e já foi revista 26 vezes, normalmente, sempre com degradação dos direitos dos trabalhadores", atira.
Sobre as palavras de Luís Montenegro, na Assembleia da República, o líder da União de Sindicatos Independentes também rejeita que tenham caído numa "armadilha": "São carapuças que não enfiamos (...) a USI pensa pela sua cabeça ainda o Dr. Montenegro não andava nestas lides."