A chanceler alemã voltou hoje a rejeitar a possível criação de títulos de divida europeus, um dia antes da apresentação de uma proposta da Comissão Europeia sobre esta matéria.
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«Agora está outra vez em destaque, como a suposta solução para a crise», afirmou Merkel, durante uma intervenção na conferência anual da Confederação dos Empresários Alemães, hoje a decorrer em Berlim, numa alusão à emissão de obrigações de dívida comum.
Mas a resposta à crise não deve ser uma «colectivização da dívida», argumentou a líder alemã, reafirmando, mais uma vez, a sua oposição à fórmula dos eurobonds.
A Comissão Europeia apresenta quarta-feira um novo pacote de governação económica que inclui propostas para o reforço da vigilância na zona euro e sugestões sobre a criação de eurobonds, além da análise anual do crescimento.
Após a adopção de um primeiro pacote de seis peças legislativas para o reforço da governação económica, o chamado "6 pack", que entrará brevemente em vigor, Bruxelas adoptará duas novas propostas no domínio de uma maior vigilância, uma condição que considera imprescindível para a emissão de títulos de dívida pública conjuntos dos países da zona euro.
Na segunda-feira, o presidente da Comissão Europeia defendeu que as «ideias» que o seu executivo vai apresentar sobre os eurobonds - que Durão apelida de "obrigações de estabilidade" ("stability bonds") - só são viáveis mediante uma "maior disciplina na zona euro" e, designadamente, o reforço da vigilância dos Estados-membros que ameaçam a estabilidade da zona euro.
De acordo com um "rascunho" do documento que Durão Barroso deverá apresentar quarta-feira, a Comissão estuda três opções para a emissão das obrigações, sendo que as duas mais ambiciosas implicariam alterações ao Tratado de Lisboa.
A opção mais "radical" determina que os eurobonds substituam as obrigações actualmente emitidas pelos diferentes Estados da zona euro, beneficiando de garantias comuns, enquanto uma segunda admite que as "euro-obrigações", embora beneficiando também de garantias comuns, não abrangeriam uma parte das necessidades de refinanciamento dos Estados do euro, que continuariam a emitir obrigações nacionais.