O PCP considerou hoje natural os mercados financeiros receberem bem a emissão de dívida pública portuguesa, mas sublinhou que os juros de 4,6 por cento são incomportáveis e voltou a exigir a renegociação, incluindo montantes e prazos.
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«É muito significativo que esta operação decorra no mesmo dia em que o Conselho de Ministros aprovou mais um pacote de medidas dirigido contra os reformados, pensionistas e trabalhadores da Função Pública», declarou o deputado comunista Paulo Sá, nos Passos Perdidos do Parlamento.
Os primeiros dados disponíveis dão conta de uma procura de nove mil milhões de euros e juros mais baixos do que inicialmente previsto. A operação para colocar dívida na linha de Obrigações do Tesouro, que vence em junho de 2019, foi anunciada quarta-feira e lançada hoje, sendo realizada pelo sindicato bancário composto pela Caixa BI, Barclays, Goldman Sachs, HSBC, Morgan Stanley e Société Generale.
«Obviamente, os mercados, o grande capital, a banca, os especuladores aplaudem esta política do Governo, de empobrecimento dos portugueses, de redução dos salários, das pensões, de ataque às funções sociais do Estado, e aderem a estas operações», continuou o parlamentar do PCP.
As condições anunciadas aos operadores não davam tamanho indicativo para quanto Portugal pretendia arrecadar com a operação, mas indicavam uma taxa de juro de 340 pontos base acima da taxa base do mercado para a dívida a cinco anos.
«O juro desta emissão de dívida é de cerca de 4,6 por cento e acho que é uma evidência que é incomportável para a economia portuguesa. Uma economia que cresça, mesmo nas previsões do Governo, a 0,8 por cento, não pode sustentar juros de dívida na ordem dos 4,6 por cento», disse, acrescentando que só «resta renegociar nos montantes, juros e prazos», tal como os comunistas propuseram «em abril de 2011».