Trata-se de Francisco Machado da Cruz que, de acordo com a Defesa, dirigiu "uma explícita e aberta chantagem a quase todos os membros do Conselho Superior do Grupo Espírito Santo".
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No longo documento de defesa do antigo banqueiro- a que a TSF teve acesso -, exibe-se uma carta enviada pelo advogado de Machado da Cruz (MC), conhecido como o contabilista que assumiu a responsabilidade pela ocultação do passivo, onde é pedida uma "compensação razoável e ajustada aos sacrifícios feitos".
A carta original está escrita em inglês, mas a Defesa traduz para que fique claro que um mês antes de prestar declarações ao Banco de Portugal, o advogado de Machado da Cruz enviou aquilo a que a Defesa chama "uma aberta chantagem" a quase todos os membros do Conselho Superior do BES. Só ficaram de fora António e José Maria Ricciardi.
A carta acusa "certos membros" do grupo e família Espírito Santo de terem feito uma "campanha de difamação" que prejudicou a reputação e a possibilidade de MC conseguir até "o mais básico dos trabalhos", deixando-o numa situação de desespero. É pedida uma "compensação razoável" e ajustada ao ano de "sacrifício e serviço" e uma resposta "rápida", no prazo de uma semana.
O advogado diz que Machado da Cruz não quer ser "obrigado", pela falta de meios financeiros e ausência de apoio por parte do grupo, a estar "à mercê" das autoridades e credores, e forçado a revelar, sob as luzes da ribalta, o que sabe - e de que tem provas - sobre outros.
Nos excertos da carta, agora revelada pela Defesa de Ricardo Salgado, o advogado de Machado da Cruz diz que "ninguém tem interesse" em que o cliente dele seja deixado "indefeso", por falta de dinheiro. A Defesa garante que Ricardo Salgado não cedeu à "chantagem".
Machado da Cruz prestou depoimento e o Banco de Portugal "escolheu à la carte" - uma das diversas estórias de uma "testemunha" que mudou de versão por "seis vezes". Os advogados de Ricardo Salgado afirmam que "nem no mais rebuscado filme de Agatha Christie", o enredo confere provas tão evidentes quanto à existência de uma "chantagem aberta", por parte de uma "testemunha de acusação".
Mais uma vez, a Defesa de Salgado insiste que o antigo administrador "nunca deu instruções a ninguém" para omitir passivo nas contas da ESI, nem tão pouco para "adulterar as contas", e que era Machado da Cruz "o responsável" pela elaboração das contas da ESI.