O porta-voz da TAP, António Monteiro, admite que o recurso para tribunal pelos pilotos possa ser "uma manobra de diversão". Mais apaziguador, o ministro Pires de Lima diz que desconvocar greve "é sinal de sensibilidade e inteligência".
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O ministro da Economia fez um "apelo humilde" para que os pilotos recuem na intenção de fazer greve, afirmando que "errar é humano", mas não corrigir o erro "demonstra falta de sensibilidade e de inteligência". Pires de Lima quer acreditar "que muitos pilotos já se aperceberam da irrazoabilidade deste pré-anúncio de greve" e pede "ao sindicato dos pilotos para que reveja a sua posição".
"Já toda a gente percebeu que os pilotos não estão contra a privatização da TAP" diz o ministro, "já toda a gente percebeu que os pilotos querem que a TAP seja privatizada desde que lhe seja dado 20% do capital. Pires de Lima sublinhou que "uma empresa com a importância estratégica da TAP não pode estar refém de 190 pilotos ou de 900 pilotos".
O ministro falava aos jornalistas já após uma entrevista do presidente do sindicato dos pilotos ao Diário Económico de hoje. Nessa entrevista, Manuel dos Santos Cardoso, descarta qualquer responsabilidade dos trabalhadores na situação financeira da empresa e admite, a hipótese de recorrer para tribunal por causa do que diz ser uma "gestão ruinosa que provocou danos superiores a 800 milhões de euros".
Perante esta declaração, o porta-voz da TAP, António Monteiro diz que o recurso para tribunal "só pode ser uma manobra de diversão para desviar as atenções sobre a responsabilidade que o sindicato tem na marcação de uma greve cujas reivindicações não são contra a gestão da TAP, mas contra a própria TAP, governo e também contra o país já que coloca em causa a própria empresa os seus trabalhadores".
Os pilotos da TAP decidiram, na semana passada, anunciar uma greve para o período de 01 a 10 de maio, seguido na quinta-feira de um anúncio idêntico dos pilotos da PGA - Portugália, pertencente ao mesmo grupo. na entrevista ao Diário Económico, o presidente do sindicatos dos pilotos reafirma que a greve de 10 dias marcada para o início de maio só será desconvocada se a transportadora e o governo honrarem os compromissos que assumiram no final do ano passado relativamente ao acordo de 1999 no qual está previsto que os trabalhadores terão direito a uma fatia de 20 por cento do capital da empresa.