O Banco de Portugal (BdP) acredita que a meta para o défice em 2016, de 2,5% do PIB, é exequível, mas faz o aviso habitual: a execução orçamental do segundo semestre traz riscos no caminho para esse objetivo.
O jornalista Hugo Neutel explica o Boletim Económico de outubro do Banco de Portugal
No Boletim Económico de outubro, o regulador não tem em conta o programa de regularização de dívidas fiscais e contributivas - o "perdão fiscal" - lançado na quinta-feira.
A possibilidade de as metas para o défice serem atingidas acontece apesar da revisão em baixa do crescimento da economia para este ano: há três meses, o Banco de Portugal estimava um aumento do PIB de 1,3%, valor que é agora revisto em baixa para 1,1%.
A culpa da revisão, explica o regulador, é da queda a pique do investimento: em junho, o gabinete de estudos da instituição liderada por Carlos Costa previa um crescimento da rubrica de 0,1% neste ano. Agora, a estimativa é que afinal o investimento está a vir por aí abaixo: a queda vai ser de 1,8%.
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O trambolhão só não tem consequências piores no todo da economia porque a evolução das exportações foi revista em alta, quase para o dobro: há três meses a estimativa era de uma subida de 1,6%; agora é de 3%.
A previsão para as importações também sobe, mas pouco: passa de 2,8% para 3%.
O consumo privado é revisto em baixa: em vez de crescer 2,1% vai aumentar 1,8%.
Outro destaque: ao contrário do PIB nominal, o PIB per capita já regressou a níveis pré-resgate. É importante notar que durante o período da troika saíram do país mais de 300 mil pessoas.
Neste Boletim Económico de outono, o supervisor da banca nota ainda uma tendência de aumento dos reembolsos do crédito à habitação. Ainda neste capítulo, o BdP nota que o aumento médio de 6% nos preços dos imóveis não é excessivo; pelo menos não encontrou evidências que façam acreditar que esse crescimento é anormal.
Quanto ao desemprego, o Banco de Portugal repara num comportamento diferenciado do fenómeno, dependente da duração: no desemprego de curta e média duração (inferior a 12 meses), o país já regressou aos níveis anteriores à crise financeira de 2008; é o desemprego de longa duração (superior a dois anos) que estraga a média.