Campos e Cunha defende que redução da dívida passa por reduzir os juros

O antigo ministro das Finanças Luís Campos e Cunha considera que a diminuição da dívida pública deve passar por reduzir o encargo com juros e afastar-se do discurso sobre como não pagar a dívida.

O economista, que falava hoje em Lisboa na apresentação do estudo "Que caminhos para a dívida pública portuguesa?", da Plataforma para o Crescimento Sustentável, começou por questionar sobre se a dívida pública de 130% do Produto Interno Bruto (PIB) é ou não sustentável, considerando que "ainda é" e que "o que interessa é a despesa com juros".

Campos e Cunha afirmou que, neste momento, os encargos com juros da dívida pública em Portugal "andam à volta de 4,2% do PIB", o que "é bastante, de facto", mas recordou que "há 25 anos era 8%", ainda que a dívida pública fosse de 70% do PIB e as taxas de juro estivessem nos 10% e "nunca ninguém falou em reestruturar".

O antigo governante, que esteve à frente das Finanças durante quatro meses no primeiro governo de Sócrates, deu depois o exemplo belga, referindo que "a Bélgica, que era dos países mais endividados da Europa há 15/20 anos, chegou a pagar 12% do PIB em juros e nunca ninguém ouviu falar em reestruturar".

Para Campos e Cunha, "o verdadeiro segredo" para reduzir a dívida pública é "pensar como se pode reduzir os juros da nova dívida" e defendeu que, para isso, é preciso "garantir a confiança dos credores e a confiança dos mercados, assegurar a credibilidade e não andar a discutir como não pagar".

Reiterando que "pensar a sustentabilidade da dívida pública exige olhar para o juros e tentar reduzi-los", Campos e Cunha recordou que Portugal paga hoje "3% a 3,5% pela dívida a 10 anos" e advogou que este custo "pode ser substancialmente reduzido".

"Espanha, por exemplo, está a pagar 2%. A Alemanha está a pagar menos de 1%. Temos muito espaço para reduzir os juros da dívida. Temos um longo caminho a percorrer em termos de redução do custo de financiamento do Estado e penso que é essa a via a seguir", afirmou.

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