Um estudo feito pela Federação Europeia dos Transportes e Ambiente (de que faz parte a associação ambientalista portuguesa Quercus) conclui que é cada vez maior a diferença entre o consumo de combustível relatado pelos fabricantes de automóveis com base em testes de laboratório e o consumo real em estrada.
O trabalho defende que há sinais claros de que várias marcas estão a manipular os dados relativos à eficiência no consumo, o que terá um peso médio de 450 euros por ano no bolso dos condutores europeus face ao publicitado pelas marcas.
A Mercedes lidera a lista de fabricantes com a maior diferença (acima dos 50%) entre o consumo de combustível real na estrada e o consumo medido em testes de laboratório.
No entanto, todas as marcas ficam bastante mal na fotografia com diferenças sempre acima dos 35%, com a diferença média "a crescer de forma exponencialmente nos últimos ano". Atualmente, em toda a indústria automóvel, essa diferença média é de 42%, quando em 2012 se ficava pelos 28%.
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O presidente da Quercus, João Branco, explica que perante estes resultados as autoridades europeias e portuguesas não podem ficar paradas e têm de investigar estes números.
O responsável da Quercus detalha as conclusões do estudoO responsável da Quercus detalha as conclusões do estudo
Para além de prejudicar os condutores, João Branco recorda que o Estado também fica a perder pois a cobrança de impostos está muito dependente do consumo de combustível e do desempenho ambiental.
O presidente da Quercus explica os dois tipos de fraudes que podem estar em causa
A Federação Europeia dos Transportes e Ambiente defende que os testes de eficiência de combustível são conduzidos em laboratório e apresentam bastantes lacunas e flexibilidades, sendo propensos a manipulação.
Contudo, mesmo tendo isto em conta e o fato de algumas tecnologias mais eficientes terem melhores desempenhos em condições de laboratório do que na estrada, é impossível explicar disparidades no consumo de combustível entre laboratório e estrada superiores a 50%, resultados considerados "inexplicáveis".
ACAP duvida da manipulação dos dados
A associação que representa o comércio e a indústria automóvel duvida que as marcas estejam a manipular os dados do consumo de combustíveis.
Helder Pedro questiona a metodologia adotada
Helder Pedro, secretário-geral da Associação Comércio Automóvel de Portugal (ACAP), diz que o método utilizado não tem em conta fatores subjetivos.
Helder Pedro fala em aproveitamento
Em breve, a Europa vai rever as normas que regulam os testes de consumo. Helder Pedro defende que os ambientalistas estão a aproveitar-se disso.