A recuperação do mercado imobiliário é vista como "favorável, especialmente para os bancos", mas a DBRS avisa que "fortes aumentos nos preços das casas, se demasiado prolongados no tempo, podem gerar preocupação e podem criar um problema de sustentabilidade".
Numa nota divulgada hoje sobre o sistema financeiro português, a agência de rating canadiana lembra que, desde o primeiro trimestre de 2015, o preço das casas já cresceu um total de 25% e que, só no segundo semestre do ano passado, o crescimento chegou a atingir 10%.
Com base em dados do Banco de Portugal, a DBRS vê sinais de que os preços são para já adequados face à situação do país, mas alerta que "em determinadas áreas, a especulação pode surgir". A agência canadiana recorda que em Lisboa, no Porto e no Algarve a subida dos preços tem sido mais acentuada, sendo impulsionada pela forte procura de estrangeiros e pela atividade turística. Ainda assim, esses aumentos são verificados num contexto de "falta de oferta de casas e não por uma rápida expansão do crédito total".
A agência acredita ainda que o risco associado aos empréstimos à habitação e ao consumo "estão contidos", depois de o Banco de Portugal ter adoptado medidas para travar o crescimento de novo crédito.
Riscos à estabilidade financeira descem gradualmente
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Apesar dos avisos, a DBRS sublinha que os riscos à estabilidade financeira no país "estão a descer gradualmente", com os "esforços de Portugal" para combater esses riscos "a darem resultado". A agência de rating canadiana considera que houve progressos quer no nível de crédito malparado como no endividamento das empresas, mas também ressalva que estes continuam a ser "os maiores riscos à estabilidade financeira" em Portugal.
A DBRS, que foi a única das maiores agências mundiais a manter a dívida portuguesa fora do lixo durante o resgate da troika, nota ainda que o setor bancário tem reforçado o capital e apresenta melhores desempenhos, depois de vários anos negativos.