A decisão anunciada num domingo, antes dos mercados abrirem, foi inédita.
José Reis , diretor da faculdade de economia da universidade de Coimbra defende que a resolução deve ser apresentada noutros termos; "Não foi o governador do Banco de Portugal que resolveu o BES, foi o BES que resolveu o governador. Tudo o que ocorreu no grupo BES passou-se perante a enorme incapacidade da regulação".
Para José Reis, a resolução "correspondeu à solução habitual. Visou garantir ao sistema bancário o seu protecionismo na sociedade e economia portuguesas".
Evitar o contágio do sistema financeiro português foi o grande objetivo da resolução. Nuno Sousa Pereira, diretor da Porto Business School diz que foi adotado o "menor dos males" e considera que "esse objetivo foi claramente alcançado. O nosso sistema financeiro ainda apresentava debilidades e se essas medidas não tivessem sido tomadas poderia ter havido um efeito de contágio muito perigoso".
Um ano depois ainda não se sabe por quanto será vendido o "banco bom", o dinheiro chegará ou não para reembolsar os 3.900 milhões de euros emprestados pelo Estado ao Fundo de Resolução?
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Por conhecer estão também as contas do "banco mau". José Reis aguarda com curiosidade por essa informação;"Esse é o buraco escuro onde muita coisa está. É, porventura, o grande exemplo da pouca transparência, de visibilidade pública, de esclarecimento. O sistema bancário, por definição, deve funcionar de forma transparente e correta".
Nuno Sousa Pereira da Porto Business School acredita que atualmente os bancos estão mais atentos às suas obrigações; " houve excesso de confiança em relação à atuação dos agentes com responsabilidades no setor financeiro. Acho que essa lição está verdadeiramente assimilada. O regulador terá sempre de assumir um papel de controlo muito rigoroso. Essa obrigatoriedade de prestação de informação é hoje muito melhor do que antes deste caso ter acontecido".
O próximo capítulo será a venda do novo Banco. 7 de Agosto é a data limite para a entrega das ofertas finais dos interessados.