Nunca o Grupo Espírito Santo (GES) tinha feito nada na área militar ou do armamento, mas a proposta parecia irrecusável: assessorar grupos internacionais para a compra de submarinos pelo Estado Português e negociar contrapartidas.
Hélder Bataglia confirma que foi um bom negócio, distribuíram 27 milhões de euros «como bónus» pelo trabalho desenvolvido, uma decisão aprovada por Ricardo Salgado.
«Havia a consciência de que deveria haver algum bónus para os administradores pela atividade desenvolvida já há alguns anos. Os acionistas decidiram que era assim e que assim é que devia ser feito», afirmou o presidente e sócio da ESCOM, acrescentando que «foi com Ricardo Salgado que se falou».
Em resposta às perguntas da deputada Mariana Mortágua do Bloco de Esquerda, o residente da ESCOM confessou que montaram um esquema sofisticado com o objetivo claro de fugir aos impostos em Portugal. Para isso, constituíram um fundo no Panamá.
As contas com o fisco, garante o Presidente da ESCOM, foram mais tarde todas regularizadas ao abrigo regime especial aprovado pelo Parlamento.
A ESCOM foi consultora do German Submarine Consorcium, ao qual o Estado português adjudicou, em 2004, o concurso para dois submarinos, cujo primeiro viria a ser entregue em 2010, com custos superiores a 800 milhões de euros, mas com contrapartidas previstas, pelo menos, de 100%.