"Tenho uma enorme admiração por quem pode ser presidente de uma assembleia-geral e vai a uma reunião uma vez por ano, (...) ser administrador de uma empresa, presidente de outra, conselho consultivo de outra, verdadeiramente esta acumulação de listagens enormes de cargos de grande responsabilidade, em empresas de topo nos seus setores, só mostra que são pessoas com uma grande versatilidade", ironizou Francisco Louçã, depois de assinalar casos de antigos ministros que depois de abandonarem o Governo, assumem cargos no mundo das finanças.
No habitual comentário semanal na TSF, o economista criticou aquela que é também "uma história política porque demonstra simplesmente esta ponte que se faz - na linguagem académica e jornalística chama-se porta giratória - entre o poder político e os cargos que são exercidos depois em sucessivas empresas, nomeadamente naquelas em que houve alguma participação ou alguma decisão política, e neste caso a mas importante de todas que é a privatização. Estamos sempre a ser atingidos por esta distorção do poder que diminui as nossas vidas".
O fundador do Bloco de Esquerda criticou o que é uma máquina "muito bem oleada" que concentra o poder na mão de poucos que "na verdade, é uma forma de promoção social, de organização social, de condicionamento do poder político, uma espécie de mercado de oferta de alternativas confortáveis".
A Opinião de Francisco Louçã na Manhã TSF com Fernando Alves
Considerações de Francisco Louça a propósito da Cimeira do Fórum Económico Mundial, em Davos, que começa para a semana. Altura em que, recordou o economista, é também publicado o relatório anual da Oxfam, organização não-governamental internacional que luta contra a pobreza.
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"Eles fazem um cálculo cuidadoso de quantos dos maiores multibilionários do mundo são necessários na lista para equivaler à propriedade e rendimentos de metade da população do mundo. E até há pouco tempo eram precisos 150 destes multibilionários para somar metade da população do mundo, entre três e quatro mil milhões de pessoas. No último relatório só já eram precisos oito dos mais ricos do mundo", sublinhou.
A Cimeira do Fórum Económico Mundial, em Davos, começa na próxima terça-feira e decorre até sexta-feira. Portugal faz-se representar pelo primeiro-ministro, António Costa, num encontro que vai contar também com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Todas as sextas-feiras, depois das 9h00, Francisco Louçã comenta os principais assuntos da atualidade económica na TSF.