A Goldman Sachs diz que qualquer encontro de Durão Barroso com dirigentes da União Europeia é da inteira responsabilidade do português, não tendo sido levado a cabo em nome da firma.
"Como chairman da Goldman Sachs International, José Manuel Barroso representa a nossa empresa junto de clientes, figuras públicas e outros acionistas importantes", diz a o grupo financeiro em comunicado enviado às redações.
"Desde o início de seu tempo connosco recusou-se a representar a empresa em qualquer interação com funcionários da UE. Quaisquer reuniões desse tipo terão sido realizadas mediante a sua competência pessoal, construída ao longo de uma longa carreira de serviço público".
O vice-presidente da Comissão Europeia, Jyrki Katainen, confirmou ter-se reunido em outubro passado com Durão Barroso, em representação da Goldman Sachs, reavivando a polémica sobre a ida do antigo presidente do executivo comunitário para o banco de investimento norte-americano.
Em resposta a esclarecimentos solicitados pela Corporate Europe Observatory, uma organização não-governamental que se dedica a "expor e desafiar" o poder de lóbi das grandes empresas junto dos decisores políticos da União Europeia, Katainen admitiu, numa carta com a data de 31 de janeiro e que foi tornada pública esta terça-feira, que se reuniu em privado com o antigo presidente do executivo comunitário, em representação da Goldman Sachs.
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Jyrki Katainen diz ainda que a reunião foi pedida por Durão Barroso e acrescenta que não há documentos sobre a mesma porque não tem o hábito de tomar notas.
A confirmação da reunião por parte do vice-presidente da Comissão responsável pelo Emprego, Crescimento, Investimento e Emprego já levou a ALTER-EU, uma coligação de organizações não-governamentais para a transparência dos lóbis, a solicitar uma reavaliação, pela Comissão Europeia, às atividades do seu antigo presidente na Goldman Sachs, uma vez que José Manuel Durão Barroso se comprometeu a não desempenhar o papel de representante de interesses (lobista) pelo banco de investimento.
Em setembro de 2016, numa carta enviada ao atual presidente da Comissão, Jean-Claude Juncker, Durão Barroso afirmou que não foi contratado para fazer lóbi pela Goldman Sachs e que não tencionava fazê-lo.