Em declarações à TSF, Henrique Neto revelou que procurou, várias vezes, esclarecimentos junto do Ministério da Economia sobre a questão das contrapartidas do negócio, mas nunca conseguiu qualquer resposta «séria».
Para Henrique Neto, as suspeitas de corrupção na atribuição do contrato de compra de submarinos pelo Estado a um consórcio alemão - divulgadas esta semana pela revista alemã Der Spiegel - são apenas uma parte do problema, restando ainda a questão das contrapartidas. Este foi um «problema» que o empresário tentou abordar, ao escrever cartas ao ministro da Economia da época, Manuel Pinho.
«Escrevi cartas ao anterior ministro da Economia, às quais ele nunca respondeu. Uma vez mandei-lhe uma carta, dizendo que estava muito surpreendido de ele não responder às cartas das contrapartidas, e que dele tinha recebido apenas duas cartas, uma a convidar-me para uma tourada e a outra para uma exposição de fotografia. Não se podia levar a sério um ministro que não tratava a sério uma questão desta importância», alertou.
Henrique Neto manifestou estranheza pelo facto de várias entidades, incluindo o Governo, nunca terem manifestado interesse em conseguir, da parte das empresas estrangeiras, o cumprimento das contrapartidas acordadas pelo negócio dos submarinos.
«Não é normal que os governo não tenham mexido uma palha para resolver o problema. Nunca procurou sequer clarificar a situação, quando estão em causa milhões e milhões de euros», defendeu.
Henrique Neto considera, por isso, que «o mínimo que se pode dizer» é que este «é um negócio escuro, que precisa de ser clarificado».
A empresa liderada por Henrique Neto, a Iberomoldes, sentiu-se lesada por ter assinado contratos com os consórcios Agusta/Westland, fornecedores dos helicópteros EH 101 ao Estado português, e a HDW, vencedor do concurso dos submarinos, que nunca foram cumpridos. Nos contratos, as duas multinacionais comprometiam-se a encontrar clientes para exportações da empresa da Marinha Grande.