Baseado num inquérito a mais de 1.000 especialistas e líderes industriais, que aponta para uma perspetiva global ligeiramente mais pessimista para a próxima década, o relatório alerta para o risco acrescido que a debilidade económica persistente representa, ao limitar a capacidade para enfrentar os desafios ambientais.
Após um ano de 2012 marcado por fenómenos climatéricos extremos, desde o furação Sandy às inundações na China, os inquiridos apontaram o aumento das emissões de gases com efeito de estufa como o 3.º principal risco global, enquanto o falhanço da adaptação às alterações climatéricas é encarado como o risco ambiental que mais consequências terá na próxima década.
«Estes riscos globais são, essencialmente, um aviso relativamente aos nossos sistemas mais críticos», alerta o editor do relatório e diretor executivo do Fórum Económico Mundial, Lee Howell, no prefácio do documento.
Na sua opinião, a «capacidade nacional de resiliência face aos riscos globais tem de ser uma prioridade para que os sistemas críticos continuem a funcionar mesmo que ocorra uma perturbação grave».
No relatório 'Global Risks 2013' são ainda apontados três grandes riscos como motivo de preocupação: o excesso de confiança a nível da saúde; as pressões sobre a economia e o ambiente; e os efeitos da propagação da era digital.
A nível da saúde, o documento alerta que os importantes avanços feitos deixaram o mundo «perigosamente complacente».
A crescente resistência aos antibióticos, refere, pode levar ao limite os já sobrecarregados sistemas de saúde, ao mesmo tempo que a crescente globalização favorece a progressão de pandemias, impondo-se uma maior cooperação internacional para prevenir estes cenários.
No que se refere à economia e ao ambiente, o relatório adverte que as crises económicas têm minado os esforços para lidar com os desafios decorrentes das alterações climáticas, demonstrando a comunidade internacional bastante relutância em lidar com uma ameaça a tão longo prazo.
Já relativamente ao digital, o trabalho recorda que, desde a era da imprensa à Internet, tem sido muito difícil prever como as novas tecnologias moldam a sociedade.
E, alerta, apesar dos muitos aspetos positivos da democratização da informação, esta também pode ter consequências voláteis e imprevisíveis, de que são exemplo os motins provocados por um filme anti-Islão divulgado no You Tube.
Com um capítulo especial dedicado às capacidades de resiliência nacionais, a 8.ª edição do relatório 'Global Risks' lança as bases para um 'rating' que avalie a capacidade de resistência de cada país, de forma a permitir aos responsáveis políticos comparar o progresso de cada um.
A ideia base é que nenhuma nação pode, sozinha, prevenir os riscos globais, exógenos por natureza, o que torna a capacidade de resistência nacional numa crucial medida defensiva de primeira linha.
No total, o relatório aponta 50 riscos globais e agrupa-os em categorias de natureza económica, ambiental, geopolítica, social e tecnológica, tendo pedido aos inquiridos que os ordenassem tendo em conta a probabilidade de virem a ocorrer e o impacto que teriam.
Os resultados finais revelam que os inquiridos mais jovens estão mais preocupados que os mais velhos, enquanto que as mulheres estão mais pessimistas que os homens.
O trabalho refere-se ainda ao que designa como "Fatores X", ou preocupações emergentes que exigem mais investigação.
Estas, a par com os três grandes riscos globais, estarão em destaque no encontro anual do Fórum Económico Mundial, que decorrerá dos dias 23 a 27 em Davos, na Suíça, sob o tema 'Dinamismo Resiliente'.