"O Orçamento do Estado é para todos", não apenas para os professores

A recuperação do tempo de serviço dos professores pode comprometer a sustentabilidade do Orçamento do Estado, alerta o ministro das Finanças.

Mário Centeno afasta a hipótese de recuperar na íntegra o tempo de serviço dos professores como tem vindo a ser exigido pelos docentes

"Não é possível pôr em causa a sustentabilidade de algo que afeta todos, só por causa de um assunto específico", disse o ministro das Finanças em entrevista ao jornal Público esta segunda-feira. O Orçamento do Estado é "para todos os portugueses e tem de ser sustentável".

Centeno lembra que este ano vão progredir na carreira 46 mil professores, o que comporta uma despesa pesada.

"Para o ano que vem, o custo do descongelamento só por si duplica o seu valor, passa de 200 para muito próximo de 400 milhões de euros. Destes, 107 milhões são de professores, isto é, o descongelamento da carreira dos professores é responsável por mais de metade do aumento do custo total com o descongelamento."

Centeno sublinha que esteeste Governo "é o primeiro, em muitos anos, que respeita na íntegra o estatuto da carreira docente e que tem feito um esforço enorme no aumento do número de docentes". Questionado sobre se isso será suficiente, Mário Centeno responde que quando a ambição vai além das capacidades a consequência é o fracasso.

De resto, a despesa com pessoal deve aumentar cerca de 3%, mais de de 500 milhões de euros, sendo uma fatia significativa para a Saúde. Mário Centeno recorda que em dois anos, foram contratados mais 8.500 profissionais. E deixa o recado: são os portugueses que pagam o SNS, por isso, quando o Governo aumenta os recursos no setor, temos de exigir que os resultados apareçam.

"É factual que a despesa orçamentada na Saúde em 2018 é de 700 milhões de euros superior à de 2015. E corremos o risco de, como em 2016 e 2017, a despesa realizada vir a ser superior à orçamentada. É muito dinheiro, é um crescimento entre 8% a 9% do orçamento da saúde em três anos", disse.

O ministro das Finanças deixa outro alerta: não há nada pior para a estabilidade do que políticos que se tornam "de repente impacientes e tentaram criar caminhos mais curtos para dar resposta a problemas. Basta olhar para o Brexit."

Centeno acredita que isso não vai acontecer em Portugal, até porque uma das virtudes do sistema politico nacional, afirma o ministro, é a capacidade de resistir às tentações de impaciência associadas ao populismo.

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