Apesar do estudo do World Competitiveness Yearbook elaborado anualmente em 140 países, ter revelado esta semana que Portugal desceu três lugares no ranking mundial da competitividade, ocupando agora o 39º lugar da tabela, há novas empresas em colaboração com universidades à procura de financiamento comunitário em projetos de inovação.
Entre 2013 e 2015, o nosso país tinha galgado 13 posições na tabela relativa à área de I&D - Inovação, Investigação e Desenvolvimento, passando de 50º para 37º lugar, mas as ultimas oscilações no índice geral mostram que há um longo caminho a percorrer em matéria de competitividade e inovação.
O desafio centra-se na capacidade de atrair investimento estrangeiro, reter talento qualificado e apostar no conhecimento.
O tema mereceu reflexão numa conferencia da Porto Business School e agora volta a ser debatido nos próximos 4 dias numa conferência internacional que se realiza pela 1ª vez no nosso país e traz cerca de 500 especialistas de mais de 50 países à cidade do Porto.
Para Fernando Teixeira dos Santos, docente da Porto Business School e responsável pelo estudo em território português, Portugal precisa de resultados orçamentais que assegurem que o país continua no caminho certo e neste domínio "é fundamental que possa ser visto, como, um país que está a lutar por uma economia competitiva e que trabalha de forma integrada, dando relevo à cooperação entre as empresas, o ensino, a banca, políticas públicas e tudo o que for determinante para a projeção da economia portuguesa no mundo".
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Já o investimento que Portugal tem feito no domínio da Inovação é realçado por José Carlos Caldeira, presidente da ANI - Agência Nacional de Inovação, pela aposta cada vez maior por parte de empresas, clusters e universidades, embora reconheça que apesar desse investimento ter diminuído nos anos de crise, quer a nível privado, quer público, começa a chegar ao mercado, o resultado da aposta no conhecimento, ciência e formação de recursos humanos.
Para este responsável, a concorrência criou a necessidade das empresas diversificarem oferta nos mercados internacionais e levou à evolução quer de sectores tradicionais, quer de outros mais emergentes.
Recorde-se que só a nível de pedidos de registo de patentes, Portugal regista a maior evolução em 10 anos, com um número recorde alcançado em 2015, pelo crescimento na ordem dos 21% bem acima da média da União Europeia ( que rondou os 0,3%) . No global, centros de estudo universitários em conjunto com clusters empresariais apresentaram 137 pedidos ( face aos 113 de 2014). Por cidades, Lisboa liderou com 25 pedidos, seguida de Braga com 21, Porto com 16. Por regiões, o Douro Litoral foi responsável por 44% dos pedidos, seguindo-se a Beira Litoral com 17,5%, só depois aparece a Estremadura e Ribatejo com 15,3%.
Na entrevista deste sábado, ao programa "Negócios em Português", José Carlos Caldeira, adianta que ligada à proteção da propriedade intelectual, está a exploração comercial, essa é a parte que cabe às empresas, depois das parcerias com os centros de investigação universitários e os últimos números do Portugal 2020 ilustram essa realidade.
Na primeira fase de candidaturas do programa Portugal 2020 na área dos instrumentos de I&D entre empresas e entidades do sistema científico-tecnológico, registou-se um aumento 3 vezes superior à ultima fase do QREN- Quadro Referencia Estratégia Nacional, programa comunitário anterior e já este ano, na segunda fase terminada em março de 2016, duplicaram as candidaturas apresentadas face ao ano anterior.
A nível de fundos comunitários, o Horizonte 2020 é o programa que apresenta mais hipóteses de financiamento a nível de Investigação, Desenvolvimento e Inovação. Neste momento, estão abertas candidaturas para os chamados projetos mobilizadores ( em co-produção empresa/ universidade) que tem uma dotação orçamental global de 90 Milhões de euros e termina em Setembro. Depois a partir de outubro, abre a nova fase de candidaturas para projetos de I&D Demonstradores, já com uma procura crescente também.
Neste domínio, há mais de 470 projetos, mais de 420 milhões de euros de investimento e mais de 600 empresas envolvidas até ao momento.
Para o futuro, o maior desafio que se coloca ao mundo, à Europa e em particular a Portugal, para o líder da ANI nesta área das novas tecnologias e inovação, é a qualificação e requalificação de recursos humanos, numa altura em que se calcula que Portugal precisa de 5 mil engenheiros informáticos e a Europa, precisa de 500 mil num prazo de 5 anos.