Portugal é dos países europeus que mais 'vende' vistos gold

Transparência Internacional acusa Portugal de não controlar riqueza dos estrangeiros que investem no país em troca de uma autorização de residência.

A Transparência Internacional acusa Portugal de pouco fazer para controlar os estrangeiros a quem dá um visto gold em troca de investimentos de milhares de euros no país, quase sempre em imobiliário.

A acusação consta do relatório "Dentro do mundo sombrio dos vistos dourados", lido pela TSF, em que a organização não-governamental estuda os 14 países europeus com autorizações de residência em troca de dinheiro.

Portugal destaca-se no documento como o terceiro país que mais dinheiro arrecada em média por ano desde o início dos vistos gold (670 milhões de euros por ano, apenas atrás da Espanha e de Chipre), mas também como o terceiro que mais vistos concedeu (17.500 entre investidores e familiares, só ultrapassado pela Espanha e pela Hungria).

O relatório alerta, contudo, que "apesar das vastas quantias de dinheiro envolvidas, Portugal e Chipre parecem pouco fazer para questionar a origem da riqueza" dos candidatos a entrar e residir no espaço da União Europeia.

Ninguém revela quem tem direito a residir em Portugal

"A análise dos vários vistos oferecidos em Chipre, Malta e Portugal revela as formas como o pouco cuidado das autoridades, os poderes discricionários e os conflitos de interesses abrem as portas da Europa à corrupção".

Tal como a maioria dos países (à exceção da Áustria e de Malta) Portugal recusa-se a publicar a lista dos nomes a quem dá vistos dourados, apenas se sabendo que mais de metade são chineses, seguindo-se os brasileiros, sul-africanos, turcos e russos.

O dinheiro a entrar no país é muito, mas a Transparência Internacional conclui que os resultados para a economia nacional são curtos pois quase tudo vai para comprar imobiliário.

O presidente da Associação Cívica Transparência e Integridade, representante da Transparência Internacional em Portugal, admite que o país é dos mais apetecíveis para obter um visto gold não apenas pelo sol e praia, mas também porque "é fácil obtê-lo, bastando comprar imobiliário de luxo num clima bom para passar umas semanas de férias".

João Paulo Batalha sublinha que os vistos gold em Portugal funcionam numa "mancha total de opacidade", facilitando a corrupção e branqueamento de capitais: "O que interessa, apenas, é ter o dinheiro a entrar".

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