Durante um jantar promovido pela Câmara de Comércio e Indústria Luso-Alemã, no Convento do Beato, em Lisboa, Pedro Passos Coelho considerou que «a envolvente externa» oferece motivos de preocupação, mas que Portugal «está hoje mais forte, mais sólido e mais resistente a contágios adversos».
Numa intervenção de cerca de quinze minutos, o primeiro-ministro referiu que hoje foram conhecidas as «conclusões positivas» da quarta avaliação ao cumprimento do programa de assistência financeira a Portugal e que na terça-feira se cumpre um ano desde as eleições legislativas que deram a vitória ao PSD, na sequência das quais foi formado o atual Governo de coligação com o CDS-PP.
«Os portugueses já não estão perante o abismo com que nos defrontámos há praticamente um ano atrás. Portugal está muito mais preparado para receber investidores e para iniciar um novo ciclo de investimento, ao mesmo tempo que, a prazo, poderá recuperar o dinamismo da sua procura interna, assim que tenha realizado o seu ajustamento interno também», defendeu, em seguida.
Segundo Passos Coelho, Portugal está «a conquistar progressivamente a confiança dos mercados» e os últimos dados estatísticos permitem acreditar que «algo está a mudar na direção de um ciclo de retorno ao investimento e ao crescimento».
Sem querer fazer um balanço da governação, o primeiro-ministro afirmou que foi mandatado para «recuperar a credibilidade e resgatar as melhores condições de investimento para o país» e que, um ano depois, a economia portuguesa «está a beneficiar de uma mudança que é estrutural e que em termos qualitativos e quantitativos é, sem dúvida, a mais importante dos últimos 50 anos».
Passos Coelho acrescentou que a mudança em curso é «talvez mesmo a mais relevante» desde que Portugal integrou a Associação Europeia de Livre Comércio, em 1960.
O primeiro-ministro alegou que hoje é patente, mesmo para os mais céticos, que o Governo tem «uma ideia clara» para a economia portuguesa, que passa por «mais democracia económica e diversificação nos mercados».
De acordo com Passos Coelho, a troika composta por Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia atestou que as reformas estruturais estão «num caminho correto» em Portugal.
«É o que sucede no mercado laboral, na mobilidade de pessoas e bens, proporcionadas com as reformas que estão também a emergir do arrendamento habitacional, na gradual eliminação dos tradicionais défices da economia portuguesa, como por exemplo na área energética e dos transportes, nos contratos de concessões, na reforma do mapa judicial e nos códigos de justiça, na reforma autárquica, na eliminação das barreiras ao investimento, na eliminação ou redução de custos de contexto, como é o exemplo do 'licenciamento zero', na reestruturação das empresas públicas, principalmente no setor dos transportes, na exigência de mais concorrência no mercado, entre muitas outras matérias», enumerou.
Por outro lado, o primeiro-ministro sustentou que é indiscutível «o êxito» do processo de privatizações, que apontou como «uma etapa crucial» para a recuperação do país, e deixou um elogio à «grande capacidade de resistência» dos portugueses.
«Têm suportado, em nome do interesse nacional e de uma esperança no futuro, grandes sacrifícios, como o fazem os nossos desempregados», afirmou.
No que respeita à «envolvente externa», Passos Coelho considerou que a União Europeia, em particular a zona euro, atravessa «um momento crucial» e que «os próximos três meses serão decisivos», manifestando-se «confiante» de que serão «novas respostas para a dimensão política e social».
No seu entender, «é crucial a ratificação dos tratados europeus firmados recentemente em Bruxelas».