Portugueses trabalham cada vez mais tempo. Muito mais do que alemães ou holandeses

Estudo do Observatório das Desigualdades tentou perceber quanto tempo trabalham os portugueses em comparação com outros países europeus.

Os portugueses estão a trabalhar cada vez mais horas: os que têm um contrato de trabalho a tempo inteiro passaram de uma média de 40,2 horas por semana em 2008 para 41,1 horas em 2016, o quinto tempo mais alto da União Europeia.

As contas são de um estudo do Observatório das Desigualdades do ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa a ser apresentado na próxima quarta-feira.

O estudo tem como título "O mercado de trabalho em Portugal e nos países europeus" e revela que os portugueses trabalham na realidade não apenas mais horas por semana que a média europeia (41,1 contra 40,3), mas também que temos menos dias de férias.

A média de férias dos 28 países da União Europeia chega aos 24,6 dias por ano, mas em Portugal fica pelos 22 dias.

Os feriados, 10 dias anuais em Portugal, ficam um pouco acima da média comunitária (9,2), mas não muito.

O autor do estudo sublinha que os números anteriores são importantes para desfazer ideias feitas dos países do Norte e Centro da Europa que dizem que os portugueses e os países do Sul trabalham pouco.
Frederico Cantante recorda, por exemplo, as palavras do holandês e antigo presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, que acusou a Europa do Sul de gastar dinheiro "em copos e mulheres".

Em média, um português trabalha 1797 horas por ano, mais 77 horas que a média comunitária (quase duas semanas extra de trabalho) e muito mais que holandeses ou alemães onde os números ficam bem abaixo dos 1700.

Na Alemanha os dias de férias chegam aos 30 por ano e na Holanda aos 25,6.

O investigador do Observatório das Desigualdades admite que aquilo que estes números também mostram é que Portugal além de um problema de produtividade tem cada vez mais dificuldades na gestão da vida profissional com a pessoal e o lazer.

"O principal desafio da economia portuguesa é trabalharmos com mais qualidade e não mais tempo", algo em que a escolaridade e formação dos gestores tem muita relevância, sublinha Frederico Cantante.

O estudo deste observatório do ISCTE cita vários números sobre o trabalho em Portugal e na Europa, recolhidos no Eurostat e na Fundação Europeia para a Melhoria das Condições de Vida e de Trabalho.

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