«Temos de ter muito mais informações, ficámos preocupadíssimos e gostaríamos de mais cortesia», afirmou Maria de Belém Roseira, em declarações aos jornalistas no Parlamento.
Considerando que «cortesia» é «o mínimo que se exige» entre parceiros que estão todos a lidar uns com os outros, a nova presidente do PS reiterou que o partido respeitará os compromissos que assumiu, mas lamentou que os socialistas não tivessem tido «a mínima das informações».
A deputada manifestou ainda a surpresa com que o partido soube da actualização do memorando de entendimento, lembrando que a carta do ministro das Finanças sobre a matéria está datada de 1 de Setembro e, apesar de Vítor Gaspar ter estado no Parlamento no dia seguinte, não deu qualquer informação sobre a questão.
Maria de Belém Roseira, que insistiu na necessidade do PS analisar com mais detalhe o que foi tornado público esta terça-feira, deixou para já algumas críticas e «preocupações», nomeadamente em relação aos cortes na despesa, pois não estão a ser cortes na «gordura» do Estado ou nos consumos intermédios.
Por seu lado, o deputado comunista Agostinho Lopes reafirmou que o caminho de sacrifício não terá fim e que Portugal parece aproximar-se cada vez mais da Grécia. Este é exactamente o caminho seguido pela Grécia «com o país à beira do desastre total», comparou.
O Ministério das Finanças vai apresentar nos próximos dias à "troika" uma «avaliação actualizada da situação orçamental e as perspectivas» para 2012, incluindo a especificação dos cortes na despesa no valor de 0,6 por cento do PIB.
De acordo com a primeira actualização do Memorando de Entendimento, divulgada no site do ministério das Finanças, o Governo terá de reduzir despesa até ao valor de três por cento do PIB em 2012, acrescentando mais medidas do lado da despesa no valor de 0,6 por cento do PIB, que servirão para compensar a diferença do desvio de 2011.
«Medidas adicionais [às já definidas e que valem três por cento do PIB], principalmente no lado da despesa, vão ser tomadas para preencher a diferença que surge da derrapagem em 2011, e que podem ser cerca de 0,6 por cento», lê-se no documento.