«É inevitável se, terminado este primeiro resgate, Portugal não encontrar resposta nos mercados e voltarmos, depois destes sacrifícios todos, à situação de 2011», disse Alberto João Jardim, à margem de uma visita que efetuou à empresa Madebiotech, na Zona Franca Industrial, no Caniçal, concelho de Machico.
Segundo o chefe do executivo insular, «Portugal não teve a coragem de fazer a reforma do Estado que devia ter sido feita».
«Vejam as inutilidades que continuamos a ter, a Comissão Nacional de Eleições, o Tribunal Constitucional, o órgão regulador [da comunicação social]», declarou, adiantando: «Corta-se no ordenado das pessoas, corta-se nas pensões, mas os organismos absolutamente dispensáveis continuam a existir neste país e isto é um absurdo o que se está a passar».
Para Alberto João Jardim, «se o Estado quer continuar a gastar dinheiro nestas coisas à custa dos portugueses, obviamente que os mercados internacionais compreendem que, afinal, não se fez a reforma do Estado que tinha que ser feito».
«E nós corremos o risco de chegar ao fim deste período de resgate e não termos recuperado a confiança dos mercados internacionais», alertou, exemplificando: «A forma como funciona a Justiça em Portugal, se as coisas não forem mudadas, não há confiança internacional no país».
O presidente do Governo Regional reafirmou ser contra o atual sistema: «A política devia ser no sentido de mais moeda em circulação, maior crescimento da economia, mais emprego e, então, recuperava-se»
«Não posso aceitar que Portugal fique eternamente condenado a viver nesta apagada e vil tristeza», continuou.
À pergunta se receia que o país não consiga regressar aos mercados, o social-democrata Alberto João Jardim salientou: «Tenho todos os receios perante um regime português do qual fui sempre oposição (...). Continuo a dizer que com este regime político não funciona, querem ser teimosos, vão dar com o país na água (...). Somos mais periféricos que os gregos, o risco ainda é maior».
Questionado sobre se partilha do otimismo do vice-primeiro ministro e líder do CDS-PP, Paulo Portas, Jardim ironizou: «Não sabia que ele era vice-primeiro-ministro. Mas ele não tinha dito que ia sair do Governo?».
Paulo Portas afirmou na sexta-feira, em Alvaiázere, distrito de Leiria, que a economia portuguesa já saiu do fundo e que a questão agora é saber a que ritmo vai crescer, de forma a garantir riqueza e emprego.