Standard & Poor's retira Portugal do 'lixo'

Passaram cinco anos e meio depois desde que, em plena crise financeira, a agência de notação financeira colocou Portugal no nível 'lixo' da sua tabela de ratings.

A Standard and Poors tirou Portugal do 'lixo', revendo em alta o 'rating' atribuído à dívida soberana portuguesa de 'BB+' para 'BBB-', um primeiro nível de investimento.

Até agora, apenas a canadiana DBRS garantia a Portugal um grau investimento na sua classificação, mas António Costa acredita que não tardará até que outras sigam o exemplo.

"Uma após outra as agências de notação financeira vão constatando o óbvio", considera o primeiro-ministro.

"A revisão em alta reflete a melhoria das previsões para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) português entre 2017 e 2020, bem como o progresso sólido que o país fez em diminuir o défice orçamental e um menor risco de uma deterioração nas condições de financiamento externas", afirma a agência de notação numa nota divulgada esta sexta-feira.

A nova notação de investimento atribuída a Portugal por uma das três maiores agências de 'rating' traz consigo também uma perspetiva 'estável', o que significa que S&P considera que as condições económicas não se devem alterar, nem levar a mudanças na nota.

Crescimento económico e emprego motivaram subida

Entre os argumentos da S&P para rever o 'rating' está o crescimento económico por quatro anos consecutivos e a perspetiva de que a economia portuguesa cresça 2,2% em média até 2020: 2,8% este ano e 2,3% em 2018.

"Esperamos que o comportamento económico continue a ser generalizado, com contributos positivos de todos os setores", afirmam os analistas da agência, antecipando um aumento no investimento público, devido às eleições autárquicas deste mês e ao novo período de fundos europeus.

A agência destaca também o foco do Governo em "fortalecer o sistema bancário português e a consolidação orçamental", recordando que o executivo socialista "cumpriu o seu objetivo orçamental ambicioso" de 2016 e "parece que o vai fazer novamente este ano, apoiado pela aceleração do crescimento económico e incluindo o impacto positivo do mercado de trabalho no balanço da Segurança Social".

Em resultado de uma consolidação orçamental contínua, que a S&P espera que o Governo mantenha, a dívida pública líquida "deverá diminuir" até 2020, antecipa.

Entre outros aspetos positivos destacados está a queda da taxa de desemprego, que a agência de notação financeira acredita "advir parcialmente das reformas no mercado de trabalho tomadas pelo anterior Governo" PSD/CDS-PP, durante o programa de ajustamento.

A S&P acredita que o Governo liderado por António Costa não deverá reverter essas medidas, ao contrário do que aconteceu com o regresso às 35 horas, uma medida com a qual a agência concorda, pelo "impacto positivo" no salário disponível.

A empresa recusa, por outro lado, que o aumento no salário mínimo tenha enfraquecido a competitividade, embora admita que o envelhecimento, a emigração e uma diminuição na força de trabalho aumentem esse desafio.

Por fim, e embora admita que o 'Quantitative Easing' do Banco Central Europeu (BCE) tenha ajudado a reduzir os custos de financiamento do Estado e das empresas, a S&P acredita que uma redução nos estímulos da instituição tem um "risco reduzido" para Portugal.

Preocupação com banca e endividamento mantém-se

Apesar da revisão em alta, a agência considera que os bancos portugueses "vão enfrentar dificuldades para melhorar a sua rentabilidade e a sua eficiência", até porque continuam "dependentes do financiamento do Banco Central Europeu (BCE)".

"A capacidade de gerar ganhos também continua sob uma pressão significativa, perante as baixas taxas de juro e um ainda pesado 'stock' de ativos problemáticos (que representam cerca de 19% dos empréstimos em termos brutos)", recorda.

Além disso, a Standard and Poor's mostra-se preocupada com a dívida elevada do setor privado e os constragimentos no acesso ao crédito (pelo nível de créditos não performativos).

No comunicado divulgado hoje, a agência admite ainda que poderá voltar a colocar Portugal no lixo caso se verifique um "enfraquecimento relevante no crescimento económico, devido a um desvio significativo da política económica ou caso não se verifiquem reformas estruturais que potenciem o crescimento".

Também "um desvio considerável e negativo na consolidação orçamental e a adoção de medidas que possam dificultar o acesso de Portugal aos mercados financeiros" podem prejudicar o rating português, avisa.

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