No Fundão, a limpeza de florestas vai deixar de "ser só um custo para ser também uma receita"
Câmara municipal vai criar cinco ecopontos florestais. Os resíduos vão ser entregues a uma central de biomassa que os vai reaproveitar.
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Com um concelho com mais de 700 quilómetros quadrados, a Câmara Municipal do Fundão quer apostar na proximidade e na criação de circuitos curtos para fomentar a economia circular. Uma das estratégias, segundo o presidente, Paulo Fernandes, vai ser a criação de "ecopontos florestais que possam servir para o depósito de biomassas florestais decorrentes dos processos de limpeza da floresta". A iniciativa faz parte do Pacto Institucional para a Valorização da Economia Circular na Região Centro, dinamizado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro.
Paulo Fernandes explica que, neste momento, uma pessoa que tenha "cinco ou seis toneladas de resíduos florestais tem de fazer uma distância de 30 ou 40 quilómetros para os deixar numa central". "Não é viável do ponto de vista económico", garante. Por isso, os cinco ecopontos florestais vão estar abertos a todos os atores que façam limpeza e que reduzam a biomassa e resíduos florestais. Assim, a autarquia consegue promover a limpeza de terrenos (diminuindo o risco de incêndio) e a valorização de resíduos, através da sua reciclagem.
A recolha vai ficar a cargo de uma central de biomassa, existente no concelho, que produz energia elétrica através de resíduos florestais. Paulo Fernandes destaca que o projeto traz também "um rendimento àqueles que que deixavam os resíduos nas florestas, porque estes podem ser pagos pela central de biomassa, que precisa deles como matéria-prima". Com esta lógica, o autarca destaca que "a limpeza de floresta passa de ser só um custo para ser também uma receita".
O Pacto Institucional para a Valorização da Economia Circular na Região Centro conta ainda com projetos das autarquias de Soure, Condeixa e Porto de Mós na área da valorização de subprodutos e resíduos. Em Soure, a câmara municipal vai desenvolver soluções inovadoras para a transformação de resíduos em recursos. O objetivo é que haja uma cobertura integral da vila com um sistema de recolha seletiva "porta a porta". Já em Condeixa a autarquia pretende aumentar a taxa de reciclagem de resíduos de embalagem e a redução da deposição de resíduos em aterro. A câmara vai colocar em prática o projeto europeu "Pay-as-you-throw", onde se testou um novo modelo tarifário no qual o consumidor paga apenas aquilo que deita fora. Desta forma, a população é encorajada a ter uma alteração de comportamentos em relação aos resíduos.
Em Porto de Mós, o projeto "Precious Plastic", programa alternativo de reciclagem de plástico, vai ser usado pela autarquia para promover a redução de plásticos. O objetivo é adquirir um equipamento de transformação e reduzir em 20% as compras de matérias-primas por parte da câmara.