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Lucília Baltazar tem 87 anos, sofre de insuficiência cardíaca (IC), mas é um caso de sucesso. Depois de meses de total incapacidade, no início do ano foi internada de urgência, medicada, e hoje é perfeitamente autónoma.
O problema começou em março com sintomas que não sabia identificar: cansaço, dificuldade em respirar e inchaço nas pernas e na barriga. Sem capacidade para fazer as pequenas tarefas diárias, viu-se obrigada a ir viver com uma das filhas. "Eu nem podia ir à casa de banho, tinham de me levar porque eu não podia andar", recorda.
Ouça a reportagem de Maria Miguel Cabo.
"A minha mãe não tinha forças, não dormia nada de noite porque estava muito inchada e quando a levámos para o hospital ficou logo internada", afirma a filha, Lurdes Baltazar.
Além do inchaço do corpo, Lucília tinha ainda líquido na cavidade abdominal e nos pulmões, como explica Isabel Luiz, médica do hospital de São José: "Para se chegar a esse estado não é uma coisa aguda, ela tinha uma insuficiência cardíaca crónica que depois agudizou e descompensou."
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Depois de vários exames e testes, veio o diagnóstico de IC e a medicação certa, o que permitiu a Lucília reconquistar a autonomia perdida. "Pensava que morria, mas graças a Deus ainda cá estou", confessa.
Isabel Luiz, que acompanha o caso, explica que a recuperação passou por vários fatores: "Não passou só por um medicamento, a base da insuficiência cardíaca são essencialmente diuréticos e ela teve vários medicamentos e grupos farmacológicos. Num grupo ela teve uma resposta excelente."
A estabilização diária passa pela toma medicamentos a tempo e horas e Lucília não facilita: "De manhã tomo um em jejum, depois com o pequeno-almoço tomo três, ao lanche tomo metade de um e à noite tomo quatro. Aquele remédio novo que a médica me receitou tem-me feito muito bem. E a ginástica que eu faço?!", afirma orgulhosa.
Os filhos são testemunhas da proeza: "A minha mãe consegue levar as mãos até aos pés em baixo, ainda consegue melhor do que eu. Ela entra e sai bem de um caro, é totalmente diferente agora. Quem a viu e quem a vê, parece um milagre", diz Lurdes.
Poucos meses depois do episódio de descompensação que a levou ao hospital, Lucília faz hoje em dia uma vida perfeitamente normal. Recuperou a rotina, cuida da casa, não dispensa a leitura, faz refeições para a família e garante que não perdeu o jeito: "O meus filhos gostam muito da feijoada que eu faço."
Continuar ativa é um dos conselhos que ouve cada vez que vai à consulta de Isabel Luiz. A médica do hospital de São José explica que, à semelhança de outras patologias, os doentes com IC devem praticar exercício físico, ter cuidado com a alimentação, tomar os medicamentos e ser regulamente seguidos com exames e análises. O objetivo é manter o estado clínico estável: "A IC não se cura, tenta-se controlar os sintomas para as pessoas estarem estabilizadas e para evitar agudizações. Geralmente um doente não compensado tem muitos internamentos, o que é muito penalizante para a qualidade de vida do doente e para os gastos do Estado", sublinha a especialista.
Desde que teve alta Lucília não voltou ao hospital e "isso é espantoso numa doente desta idade e a responder tão bem à medicação", considera Isabel Luiz.
Por fazer parte do grupo de risco, Lucília tem cuidados redobrados com a pandemia e garante que só vai à rua quando tem mesmo de sair: "só saio com as minhas filhas porque tenho medo desta doença que aí anda (covid-19) e receio de cair."
"Coração de Portugal" é uma iniciativa da TSF, DN e JN com o apoio da Novartis e da Medtronic.