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Como nos parlamentos nacionais, o homólogo europeu é composto por diferentes grupos políticos, consoante as suas afinidades. Os deputados portugueses estão espalhados por quatro destas famílias e tudo indica que deverá continuar desta forma no mandato 2019-2024.
A maior família política
Nesta legislatura europeia, o Partido Popular Europeu (PPE) contabiliza 217 deputados. Com um alinhamento de centro-direita, os democratas-cristãos têm uma agenda de reformas para o futuro da Europa com vista a uma maior competitividade, crescimento e criação de emprego. Entre as bandeiras principais, o mercado único e o aproveitamento do potencial do mercado único digital.
Com o alemão Manfred Weber como presidente, o PPE tem na bancada parlamentar oito deputados portugueses: os do PSD, o do CDS e o do Partido da Terra, sendo que Paulo Rangel é um dos vice-presidentes do Partido Popular Europeu.
Socialistas europeus
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É o grupo de centro-esquerda. A Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas (SD) é a segunda maior família política europeia do Parlamento Europeu.
Presididos pelo alemão Udo Bullmann, os socialistas europeus defendem uma sociedade europeia inclusiva, baseada em princípios como liberdade, igualdade, solidariedade, diversidade e justiça. Têm como bandeira a construção de uma Europa mais forte e democrática e assumem como prioridade a luta contra o desemprego e assegurar que as sociedades e mercados se tornam mais justos.
Na bancada parlamentar do SD contam-se oito deputados portugueses, todos eles afetos ao Partido Socialista, sendo Maria João Rodrigues vice-presidente deste grupo.
À direita
A terceira maior família política europeia é constituída por eurocéticos e anti-federalistas alinhados à direita: são os Conservadores e Reformistas Europeus.
Este grupo, nascido em 2009, aponta a uma agenda para a União Europeia que pretende ser euro realista. Os Conservadores e Reformistas consideram que a ação deve estar centrada na cooperação entre os Estados-membros para "encontrar soluções práticas para os problemas e desafios da década de 2050 e não dos anos 50 do século XX".
É presidido por dois deputados: o britânico Syed Kammal e o polaco Ryszard Antoni Legutko, sendo que desta família europeia não fazem parte quaisquer eurodeputados portugueses.
Democratas e Liberais
É conhecido pelo acrónimo ALDE: a Aliança dos Democratas e Liberais pela Europa, a quarta maior família política presente no Parlamento Europeu.
São pró-europeus, alinhados ao centro com liberais e neoliberais nas bancadas. Nos objetivos apontam a uma defesa da democracia liberal, dos direitos fundamentais e da identidade europeia e querem uma Europa mais forte e estável, com meios para responder às questões que os Estados-membros não conseguem solucionar sozinhos.
Conta com apenas um eurodeputado português, António Marinho e Pinto, do Partido Democrático Republicano. O grupo é presidido pelo belga Guy Verhofstadt.
As esquerdas
Liderado pela alemã Gabriele Zimmer, o Grupo Confederal da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Nórdica Verde soma 52 deputados. Como o próprio nome indica, estão alinhados à esquerda e juntam ecologistas, socialistas, comunistas e também eurocéticos.
Descrevem-se como um grupo empenhado na paz, na solidariedade, na justiça social, na igualdade, na democracia e nos direitos humanos. Além disso, enquanto grupo confederal, sublinham o respeito pela diversidade de identidades e opiniões dos deputados.
Deste grupo fazem parte quatro eurodeputados portugueses, os três do partido comunista e a deputada eleita pelo Bloco de Esquerda.
Também de esquerda é a família portuguesa dos Verdes/Aliança Livre Europeia, que junta ecologistas, progressistas, nacionalistas e não-alinhados. Esta família política tem na agenda a defesa do ambiente, a igualdade de oportunidades, a justiça social e uma Europa aberta e democrática. São a favor da participação dos cidadãos na política, deixando para trás os interesses corporativos.
Considerando a Europa como uma casa na qual o futuro deve ser comum, esta família faz ainda bandeira da proteção dos direitos e liberdades dentro e fora da União. Além disso, tenta encontrar soluções sustentáveis para os problemas que o bloco tem.
Sem eurodeputados portugueses, este grupo é presidido pela alemã Ska Keller e pelo francês Phillipe Lamberts.
A emergência do populismo
Com a emergência da onda populista na Europa, o hemiciclo do Parlamento Europeu não ficou imune. A família política da Europa da Liberdade e da Democracia Direta está alinhada à direita juntando populistas e eurocéticos.
Dizem-se empenhados numa cooperação aberta, transparente, democrática e responsável entre Estados europeus soberanos sendo contra a criação de um "superestado" europeu centralizado e único.
Defendem ainda que os povos e nações europeias têm o direito de proteger as próprias fronteiras e reforçar os valores históricos, tradicionais, religiosos e culturais. Como o nome indica, são a favor do conceito de democracia direta.
Não contam com nenhum deputado português nas bancadas e são presididos por Nigel Farage, o britânico que saltou para as manchetes internacionais a defender a saída do Reino Unido da União Europeia.
Já o mais recente grupo político do Parlamento Europeu foi criado a 15 de junho de 2015 e chama-se Europa das Nações e da Liberdade.
São nacionalistas de extrema-direita e são a família mais pequena do Parlamento Europeu com 36 deputados num grupo fundado por Marine Le Pen. Atualmente, é presidido pelo francês Nicolas Bay e pelo holandês Marcel de Graaff.
Na página do partido, de Graaff deixa clara a bandeira do Europa das Nações e da Liberdade. Sublinhando que as culturas, valores e liberdades europeias estão sob ataque, o líder desta família diz que as ameaças são "os poderes esmagadores e ditatoriais da União Europeia, a imigração em massa, as fronteiras abertas e a moeda única". Defendendo os Estados soberanos, há também espaço para a cooperação económica entre os Estados.
Nas fileiras, nenhum deputado português.
No Parlamento Europeu, há ainda espaço para os não inscritos e que não estão alinhados com nenhuma das famílias políticas. São 20, nenhum dos quais português.
"Sabia que? Tudo o que precisa de saber sobre a União Europeia" faz parte do projeto da TSF A Hora da Europa, com o apoio do Parlamento Europeu.
Ouça aqui esta edição do "Sabia que", pelo jornalista Filipe Santa-Bárbara
