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É um grande momento da missão do robô Perseverance da NASA, em Marte. Esta terça-feira, o robô vai começar a escalar um antigo delta da cratera Jezero, local onde pousou em fevereiro de 2021, para encontrar rochas que transmitam evidências mais claras sobre a existência de vida passada no planeta vermelho. No caminho de volta, o Perseverance vai recolher algumas dessas rochas e colocá-las na base do delta para serem recuperadas por futuras missões espaciais. O objetivo é trazer esse material de volta à Terra em 2030 para uma avaliação mais detalhada.
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"O delta na cratera Jezero é o principal alvo astrobiológico do Perseverance", disse a vice-cientista do projeto, Katie Stack Morgan, em declarações à BBC News.
"Acreditamos que estas são as rochas que têm o maior potencial para conter sinais de vida antiga e que também podem contar-nos sobre o clima de Marte e como isso evoluiu ao longo do tempo", sublinhou.
Desde o momento em que aterrou na cratera Jezero, o Perseverance tem testado as suas ferramentas e instrumentos para recolher várias impressões sobre o que está à sua volta. As observações iniciais do robô confirmaram que a cratera de Jezero já tinha sido o delta de um rio.

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De acordo com a BBC News, um delta é uma estrutura construída a partir do lodo e da areia despejados por um rio quando este entra num corpo de água mais amplo. No caso da cratera de Jezero, o corpo de água mais largo era, muito provavelmente, um lago com a largura de uma cratera que existia há milhares de milhões de anos.
"Os rios que fluem para um delta trazem nutrientes que são úteis para a vida, obviamente. O sedimento de grão fino que é trazido e depositado num delta é bom para a preservação", explicou o cientista Sanjeev Gupta à BBC News.
"O robô tem um conjunto incrível de instrumentos que podem ajudar-nos sobre a química, mineralogia e estrutura do delta, examinando os sedimentos até à escala de um grão de sal", disse à BBC o cientista Briony Horgan de Purdue, sublinhando que "vamos aprender sobre a química deste antigo lago, se as suas águas eram ácidas ou neutras, se era um ambiente habitável e que tipo de vida poderia ter sustentado".

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Por agora, é preciso esperar que o Perseverance recolha as rochas para depois serem estabelecidos os factos sobre a possibilidade de vida em Marte, algo que deverá ser complementado com uma investigação mais rigorosa por parte de diversos laboratórios.
"A afirmação de que existe vida microscópica noutro planeta do nosso sistema solar é uma afirmação enorme. E, portanto, a prova também precisa ser enorme", refere Jennifer Trosper, gerente do projeto Perseverance da NASA, também à BBC News. "Eu não acho que os instrumentos que temos possam fornecer esse nível de prova por si só. Devemos trazer as amostras de volta à Terra e usarmos instrumentos mais sofisticados aqui para ter certeza", defendeu.
É esperado que o Perseverance deposite o primeiro conjunto de rochas na base do delta quando regressar ao solo da cratera no final do ano. Este depósito incluirá não só as rochas recolhidas durante a caminhada no delta do antigo rio, mas também quatro amostras recolhidas nos meses anteriores a partir do solo da cratera.

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A NASA, em conjunto com a Agência Espacial Europeia, está a estudar possíveis formas para recuperar este depósito. A futura missão deverá ser lançada no final desta década.
Até lá, o Perseverance tem ainda muitos anos de trabalho pela frente. Depois de fazer o depósito, o robô deverá encontrar outros sedimentos que pareçam ser os restos da costa do antigo lago da Jezero.
O robô Perseverance aterrou no planeta vermelho em fevereiro de 2021 e é a mais recente missão da NASA para recolha de amostras e para analisar Marte, depois do "Curiosity" ("Curiosidade"), que aterrou em agosto de 2012.

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