"Um tesouro enterrado." Mergulho "profundo" nas imagens de James Webb mostra início da formação de dezenas de estrelas

As imagens da Nebulosa Carina tinham sido divulgadas em julho, mas só agora é que os cientistas conseguiram analisá-las com mais detalhe, descobrindo "duas dúzias de fluxos de estrelas extremamente jovens" que antes estavam escondidas por nuvens de poeiras.

Os cientistas mergulharam "profundamente" numa das primeiras imagens reveladas pelo telescópio da NASA James Webb e conseguiram observar o início da formação de dezenas de estrelas, anteriormente escondidas por nuvens de poeira. A NASA indica que esta descoberta marca o começo de uma nova era de investigação sobre a formação de estrelas e o seu impacto no desenvolvimento dos planetas.

A icónica imagem da Nebulosa Carina (ou Penhascos Cósmicos), uma região junto ao aglomerado de estrelas NGC 3324, captada pelo telescópio James Webb e agora analisada ao detalhe pelos investigadores, mostra "duas dúzias de fluxos de estrelas extremamente jovens revelados por hidrogénio molecular". De acordo com a NASA, estas estrelas "estão prestes a tornar-se estrelas de baixa massa, como o nosso Sol".

"O que Webb nos dá é a possibilidade de ver a quantidade de formação de estrelas que se está a passar naquele que pode ser um canto mais emblemático do universo que ainda não conseguimos ver", disse a astrónoma Megan Reiter da Universidade de Rice em Houston, Texas, que liderou o estudo, citada em comunicado.

O hidrogénio molecular é "um ingrediente vital" para fazer novas estrelas e "um excelente traçador das fases iniciais da sua formação". "Como as estrelas jovens recolhem material do gás e do pó que as rodeia, a maioria também ejeta uma fração desse material para fora das suas regiões polares em jatos e vazões", explica a agência espacial norte-americana, adiantando que nas imagens é possível observar o hidrogénio molecular "a ser varrido por estes jatos".

"Jatos como estes são sinais da parte mais excitante do processo de formação das estrelas. Só os vemos durante uma breve janela de tempo", refere o coautor do estudo Nathan Smith, da Universidade do Arizona.

O telescópio James Webb, por ter uma "inigualável sensibilidade", permite observações de regiões mais distantes, proporcionando aos astrónomos "uma visão sem precedentes de ambientes que se assemelham ao local de nascimento do nosso sistema solar".

Esta nova descoberta "abre a porta para o que vai ser possível em termos de observação destas populações de estrelas recém-nascidas em ambientes do universo que têm sido invisíveis até ao Telescópio Espacial James Webb", acrescentou Reiter. "Agora sabemos onde procurar a seguir para explorar as variáveis que são importantes para a formação de estrelas semelhantes ao Sol."

Na primeira imagem, divulgada em julho deste ano, consegue ver-se algumas pistas desta atividade de formação de estrelas, mas só agora é que tudo pode ser observado com mais detalhe, "dissecando dados de cada um dos diferentes filtros e analisando cada área". "É como encontrar um tesouro enterrado", considera Jon Morse, do Instituto de Tecnologia da Califórnia.

O telescópio James Webb foi enviado para o espaço no dia 25 de dezembro de 2021, após sucessivos atrasos. Passou por um período de seis meses dedicado à calibração dos seus instrumentos no Espaço e encontra-se agora em órbita a 1,5 milhões de quilómetros da Terra.

Ao contrário do telescópio Hubble, que gira em torno da Terra, o James Webb está em redor do Sol, a uma distância que replica quatro vezes a que separa a Terra da Lua.

O telescópio e os seus quatro instrumentos estão protegidos do calor e da luz solar por um escudo do tamanho de um campo de ténis que garante a necessária escuridão e temperatura (em graus negativos) para capturar a luz ténue proveniente dos confins do Universo.

O espelho principal do Webb tem 6,5 metros de diâmetro (mais 4,1 metros do que o do Hubble) e é composto por 18 segmentos hexagonais que funcionam como um todo, melhorando a sua sensibilidade (100 vezes superior à do Hubble).

Os instrumentos do James Webb permitem recolher imagens dos corpos celestes e decompor a sua luz (captada no infravermelho, luz que não é visível ao olho humano) para estudar as propriedades físicas e químicas dos corpos observados.

Antes de poder iniciar os seus trabalhos científicos, o telescópio passou por um período de seis meses dedicado à calibração dos seus instrumentos no espaço e ao alinhamento dos seus espelhos.

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